Empresas

Vale: hubs industriais de baixo carbono devem ser desenvolvidos a partir do hidrogênio no Brasil

“O Brasil não vai começar com gás natural, vai começar já com hidrogênio", aposta a diretora de Energia da Vale, Ludmilla Nascimento

Mineradora Vale estuda uso de etanol e antecipação do aumento da mistura de biodiesel para 25% em caminhões. Na imagem: Ludmilla Nascimento, diretora de Energia e Descarbonização da Vale (Foto: Zé Palma/Vale)
Ludmilla Nascimento, diretora de Energia e Descarbonização da Vale (Foto: Zé Palma/Vale)

RIO — O desenvolvimento de hubs de baixo carbono da indústria siderúrgica no Brasil deve ocorrer a partir do uso do hidrogênio, afirma a diretora de Energia e Descarbonização da Vale, Ludmilla Nascimento.

A mineradora avalia a formação de clusters para viabilizar a fabricação de produtos da cadeia siderúrgica de baixo carbono, como “hot briquetted iron” (HBI, também conhecido em português como ferro-esponja). 

A Vale vai entrar nesses projetos com a construção e operação de plantas de briquete, que vão alimentar reatores de produção de HBI e outros produtos metálicos das empresas parceiras. 

“O Brasil não vai começar com gás natural, vai começar já com hidrogênio, é uma possibilidade pela competitividade da energia. A ideia é justamente criar esses hubs para produzir esse produto de baixo ou quase zero carbono e exportar como um adensamento”, disse a diretora a jornalistas no Fórum Brasil-União Europeia no Rio de Janeiro, nesta terça-feira (23/7).

Além do Brasil, também são considerados projetos nos Estados Unidos e no Oriente Médio. 

Aço de baixo carbono

A companhia já assinou 50 memorandos de entendimento para levar as iniciativas adiante em diversos países. 

“A gente imagina que esses projetos vão avançar nos próximos seis meses a um ano”, disse Nascimento. 

As negociações mais adiantadas são para projetos na Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Omã. Esses primeiros hubs, no entanto, devem começar com o uso do gás natural, que depois deve ser substituído por fontes renováveis. 

A rota convencional de produção de aço utiliza minério de ferro e coque com base em carvão. Nesse modelo, a emissão é de 2 toneladas de carbono para cada tonelada de aço produzido. 

Com o uso de energia elétrica, as emissões podem cair pela metade, podendo ficar próximas a zero com a substituição do gás natural pelo hidrogênio verde. 

No Brasil, uma das parcerias anunciadas é com a produtora de aço verde H2 Green Steel. O memorando assinado com a companhia sueca também prevê estudos para o desenvolvimento de hubs na América do Norte. 

Nascimento destacou que os Estados Unidos têm alta atratividade para esses projetos devido ao grande potencial de geração renovável e aos incentivos dados pelo país para iniciativas de descarbonização.