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Unigel apresenta plano de recuperação para equacionar dívidas de R$ 3,9 bilhões

Empresa conseguiu tem 90 dias para conseguir adesão da maioria dos credores; plano oferece metade das ações da empresa

Unigel apresenta à Justiça de São Paulo plano de recuperação extrajudicial para equacionar dívidas de R$ 3,9 bilhões. Na imagem: Foto tirada ao anoitecer da fábrica de fertilizantes nitrogenados de Sergipe, arrendada pela Unigel, com as luzes das instalações acesas (Foto: Juarez Cavalcanti/Divulgação)
Fábrica de fertilizantes nitrogenados de Sergipe, arrendada pela Unigel (Foto: Juarez Cavalcanti/Divulgação)

RIO – A Unigel apresentou à Justiça de São Paulo seu plano de recuperação extrajudicial, na noite desta terça-feira (20), e conseguiu mais 90 dias de proteção judicial sem que suas dívidas de R$ 3,9 bilhões sejam executadas pelos credores.

Nesse período, a companhia precisa negociar para obter a adesão de mais de 50% dos credores. Na data do envio, tinha a assinatura de 35,2% dos credores, segundo a petição entregue à Justiça. Veja a íntegra.

Nas condições atuais, o plano prevê a redução de 45% nas dívidas e uma nova linha de crédito de pelo menos US$ 100 milhões, com vencimento até 2027, em troca de uma participação acionária de 50% na Unigel.

Crise financeira

A Unigel registrou um prejuízo de R$ 1 bilhão até setembro do ano passado e paralisou, desde junho, a produção de fertilizantes, que inclui sulfato de amônio, amônia, ureia e Arla, aditivo automotivo necessário para controle de emissão de poluentes.

Segundo a Unigel, o negócio perdeu a rentabilidade com a queda global dos preços dos fertilizantes, em descompasso com o custo do gás natural, seu principal insumo. Ela chegou a entrar com um pedido de recuperação judicial, mas foi aberta uma mediação com credores na Justiça de São Paulo.

Contrato com a Petrobras

Em dezembro, a Petrobras assinou com a Unigel um contrato de industrialização por encomenda (tolling) para produção de fertilizantes nas fábricas de Sergipe e da Bahia. Segundo a Unigel, o contrato vai “viabilizar a manutenção da produção de fertilizantes nitrogenados nas plantas”.

A estatal é uma das fornecedoras de gás natural para as fábricas de fertilizantes que estão arrendadas para a Unigel, em contratos de 10 anos, iniciados em 2021. Na época, a Petrobras havia desistido de atuar no setor. Com a troca de governo, a petroleira voltou a ter interesse na produção de fertilizantes.

Na mira do TCU

O contrato está sendo analisado pelo Tribunal de Contas da União (TCU), que apontou falhas na governança da Petrobras e distorções nos cálculos que justificaram sua assinatura.

A estimativa da petroleira, citada em despacho da corte, é que o acordo trará prejuízos de R$ 487,1 milhões, no prazo de oito meses de sua vigência.

O ministro Benjamin Zymler determinou que a petroleira, o Ministério de Minas e Energia (MME) e a Unigel prestem esclarecimentos sobre indícios de irregularidades apontados pelos técnicos do TCU.