RECIFE — A Whirlpool Corporation, dona das marcas Brastemp e Consul, anunciou na última semana (29/4) a total conversão das suas unidades no Brasil, que passam a utilizar energias eólica, solar e hidrelétrica. A ação faz parte do objetivo de alcançar emissões líquidas zero em todas as suas operações mundiais até 2030.
Em janeiro deste ano, duas de suas três fábricas (Manaus/AM e Rio Claro/SP) alcançaram a marca de 100% de utilização de renováveis. Já a unidade de Joinville (SC) está prevista para 2024. A sede na América Latina, em São Paulo, foi certificada em novembro passado.
“Para este ano, deixaremos de emitir 6,5 mil de toneladas de CO2, uma redução de 31% em relação ao ano anterior”, afirma Bernardo Gallina, vice-presidente de Assuntos Jurídicos, de Compliance e Corporativos da Whirlpool para América Latina.
Segundo Gallina, o uso de energia limpa vai ao encontro das estratégias de ESG (ambiental, social e governança na sigla em inglês) da Whirlpool, cuja meta é consumir menos energia e ser mais sustentável.
“A compra de energia limpa e certificada garante que estamos atacando nossas emissões desde sua fonte, no abastecimento de nossas fábricas, possibilitando dar ainda mais foco na redução em nossos processos”, completa.
Consumidores mais exigentes
Um estudo da Whirlpool com 19 mil consumidores de países como Brasil, Reino Unido, França, Itália, Polônia, Rússia, EUA, México, Índia e Hong Kong descobriu que 40% investe em eletrodomésticos que consomem menos energia, têm menor pegada de carbono (35%) e economizam dinheiro (32%) ou tempo (26%).
A pesquisa também afirma que há uma preocupação maior por parte dos brasileiros com as questões ESG, com 30% dos consumidores atentos às mudanças climáticas e 21% à desigualdade social.
Eficiência energética e emissões
Relatório de Emissões de Aparelhos de Refrigeração e Políticas de Enfrentamento do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) mostra que a crescente demanda por aparelhos de refrigeração contribui significativamente para as mudanças climáticas — consequência das emissões de hidrofluorcarbonetos (HFCs), CO2 e carbono preto por aparelhos de refrigeração e ar condicionados que usam energia fóssil.
Segundo o PNUMA, este cenário é ainda mais agravado em períodos de extremos climáticos, que aumentam a demanda por ar condicionado e energia.
Já o uso de aparelhos energeticamente eficientes e de baixo impacto no clima pode reduzir de 210 até 460 gigatoneladas de gases de efeito estufa equivalentes ao dióxido de carbono (GtCO2e) nas próximas quatro décadas (a depender das futuras taxas de descarbonização) — o equivalente a 4-8 anos de emissões globais anuais segundo os níveis de 2018.
O documento também menciona a Emenda Kigali, ratificada por 91 nações em dezembro de 2019 pelo Tratado das Nações Unidas, que exige a eliminação progressiva de HFCs, gases de efeito estufa com potencial de aquecimento global.
Ações integradas à Emenda de Kigali do Protocolo de Montreal sobre Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio poderão reduzir a produção e o uso de hidrofluorcarbonetos (HFCs) e evitar o aumento de até 0,4°C na temperatura global até 2100.
Vale dizer que o Brasil ainda não ratificou a emenda.