BRASÍLIA – O presidente do Chile, Gabriel Boric, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, firmaram nesta terça (18/7) um memorando de entendimento (MoU) estabelecendo uma aliança estratégica para impulsionar o desenvolvimento das cadeias de matérias-primas críticas para a transição energética.
O acordo promete apoiar as indústrias europeias e chilenas do setor de mineração, com a criação de empregos e fomento à economia sustentável.
O Chile, junto com a Argentina e Bolívia, concentram cerca de 65% das reservas mundiais do lítio, minério considerado essencial para a fabricação de baterias de veículos elétricos.
“Temos a mesma opinião, compartilhamos os mesmos valores e somos os parceiros de escolha para nos tornarmos os principais players globais na energia”, afirmou a líder da Comissão Europeia, durante a cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (UE-CELAC).
A parceria terá cinco eixos:
- Integração das cadeias de valor de matérias-primas sustentáveis por meio de desenvolvimento de projetos, novos modelos de negócios, promoção e facilitação de vínculos comerciais e de investimento;
- Cooperação na inovação ao longo das cadeias de valor das matérias-primas, incluindo o conhecimento sobre os minerais e a redução da pegada ambiental e climática;
- Cooperação para alavancar critérios ambientais, sociais e de governança (ESG) e alinhamento com padrões internacionais;
- Implantação de infraestruturas para o desenvolvimento de projetos;
- Fortalecimento de capacitações, treinamentos e desenvolvimento de habilidades ao longo de cadeias de valor de matérias-primas sustentáveis de acordo com os padrões internacionais de trabalho.
Faz parte do Global Gateway, projeto da União Europeia para atender as demandas mundiais por investimentos e está alinhada com a iniciativa Critical Raw Materials Act, também da UE.
Nesta segunda (17/7), Von der Leyen anunciou que o bloco pretende investir 45 bilhões de euros na América Latina e Caribe até 2027. De acordo com a presidente, mais de 135 projetos estão em andamento, desde hidrogênio limpo até matérias-primas críticas.
Atualmente, 80% do lítio utilizado mundialmente é destinado à fabricação de baterias. O mineral deve ver sua demanda crescer vertiginosamente, em mais de 40 vezes até 2040, segundo projeção da Agência Internacional de Energia (IEA, em inglês).
Acordo com a Argentina
Em junho, o presidente argentino Alberto Fernández e a chefe da União Europeia, Ursula von der Leyen assinaram um MoU para fomentar a cooperação em infraestrutura favorável ao clima, com foco em projetos de energia verde.
A ação estimulará novas pesquisas sobre matérias-primas, com destaque para o lítio, diante da corrida global pela eletrificação. “O lítio é muito importante porque é crucial para as tecnologias de energia limpa”, disse von der Leyen, na ocasião.
A Argentina, que ocupa a quarta posição na produção global do mineral, tem atraído um considerável influxo de investimentos.
Para os minerais críticos, a Comissão Europeia já estabeleceu alianças estratégicas com o Canadá, Ucrânia, Cazaquistão e Namíbia.
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