A Petrobras anunciou nesta sexta-feira que a diretoria da empresa aprovou a assinatura de termo de compromisso com a Odebrecht prevendo um conjunto de obrigações de integridade. Com a medida, a petroleira vai retirar do bloqueio cautelar – que impede a participação em licitações em todas as empresas da estatal – a Odebrecht Engenharia e Construção (ex-Construtora Norberto Odebrecht) e a Ocyan (ex- Odebrecht Óleo e Gás).
As empresas do Grupo Odebrecht terão que manter um programa de integridade efetivo, constituído de pontos de melhoria específicos estabelecidos pela Petrobras, a partir do resultado do procedimento de due diligence de integridade. Esses programas estarão sujeitos à verificação contínua, incluindo a possibilidade de realização de auditoria pela Petrobras.
O Termo de Compromisso prevê que, no momento de sua assinatura, ocorrerá a reavaliação do Grau de Risco de Integridade da Ocyan, o que permitirá, quanto ao critério integridade, sua participação em processos licitatórios da Petrobras. A Ocyan é sócia da Teekay nos FPSOs Cidade de Itaguaí, que opera no campo de Baúna, e do FPSO Pioneiro de Libra, primeira unidade de produção da partilha de produção do país, instalada do campo de Mero, ambos na bacia de Santos.
A Odebrecht Engenharia e Construção será reavaliada somente após o cumprimento dos pontos de melhoria específicos de seu programa de integridade, constantes no Termo.
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O que é o bloqueio cautelar?
Instituído em 29 de dezembro de 2014, o bloqueio cautelar da Petrobras para empresas investigadas pela Operação Lava Jato está completou três anos no final do ano passado.
A medida foi a resposta encontrada na época pela presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, e o diretor de Engenharia, José Antonio de Figueiredo, as revelações feitas pelo ex-diretor de Abastecimento da petroleira, Paulo Roberto Costa, e pelo doleiro Alberto Youssef, em delações premiadas ao juiz Sergio Moro, no Paraná.
A decisão da diretoria da Petrobras, que dois meses depois renunciaria com sua presidente, foi tomada em reunião realizada no mesmo dia. “As referidas empresas serão temporariamente impedidas de serem contratadas e de participarem de licitações da Petrobras”, dizia o fato relevante divulgado já tarde da noite de 29 de dezembro daquele ano.
Três anos depois, o bloqueio que era para ser cautelar já se tornou permanente. “Não existe uma regra pétrea dizendo qual é o prazo [para o fim do bloqueio cautelar]. Quando o bloqueio cautelar foi arquitetado [em 29 de dezembro de 2014], a intenção é que ele fosse provisório, e não perene. Então agora é uma hora muito oportuna de endereçar o assunto e ver qual vai ser o encaminhamento. Isso está no forno”, disse o ex-diretor de Compliance da Petrobras, Elek Junior, ao Valor Econômico em outubro de 2016, durante a Rio Oil & Gas.
Mas, muitas das empresas ainda não conseguiram resolver seus problemas com a Justiça. Outras, alegam que não tem o que resolver, já que não estariam envolvidas nos esquemas de fraudes. Outras ainda nunca estiveram no bloqueio cautelar, mas são investigadas e estão até mesmo assinando acordos de leniência.
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Contexto
A primeira lista do bloqueio cautelar foi divulgada pela Petrobras na noite do dia 29 de dezembro de 2014 e trazia 23 empresas.
Alusa | 29/Dec/2014 |
Andrade Gutierrez | 29/Dec/2014 |
Camargo Corrêa | 29/Dec/2014 |
Carioca Engenharia | 29/Dec/2014 |
Construcap | 29/Dec/2014 |
Egesa | 29/Dec/2014 |
Engevix | 29/Dec/2014 |
Fidens | 29/Dec/2014 |
Galvão Engenharia | 29/Dec/2014 |
GDK | 29/Dec/2014 |
IESA | 29/Dec/2014 |
Jaraguá Equipamentos | 29/Dec/2014 |
Mendes Junior | 29/Dec/2014 |
MPE | 29/Dec/2014 |
OAS | 29/Dec/2014 |
Odebrecht | 29/Dec/2014 |
Promon | 29/Dec/2014 |
Queiroz Galvão | 29/Dec/2014 |
Setal | 29/Dec/2014 |
Skanska | 29/Dec/2014 |
TECHINT | 29/Dec/2014 |
Tomé Engenharia | 29/Dec/2014 |
UTC | 29/Dec/2014 |
Dados: Petrobras |
Quem entrou no bloqueio?
- Schahin (hoje Base) e TKK foram incluídas na lista em 5 de março de 2015. Ao longo daquele ano a lista cresceu de 23 para 32 empresas.
- TKK, Schahin (Base), Sanko Sider, EIT, NM Engenharia, Niplan Engenharia, Odebrecht Ambiental, Odebrecht Ambiental, OAS Óleo e Gás e Queiroz Galvão O&G
Quem virou inidônea?
- Alumini Engenharia S/A, Mendes Júnior, Skanska, Iesa Óleo & Gás, Jaraguá Equipamentos Industriais e GDK S/A
Quem saiu?
- NM Engenharia, Egesa, Niplan, TKK e Queiroz Galvão O&G
Por leniência
- Andrade Gutierrez, Carioca Engenharia, Odebrecht Engenharia e Construção e Ocyan
Quem nunca entrou?
- Keppel Fels – Assinou acordo de leniência com o MPF em dezembro e se comprometeu a devolver R$ 1,4 bilhão
- SBM Offshore – Justiça ordena que Petrobras retenha pagamentos à SBM, diz empresa holandesa
- Saipem – Executivos da empresa e da Petrobras denunciados pelo MPF por favorecimento em licitação para obras da estatal
- Judiciário
- Offshore
- Petróleo
- Andrade Gutierrez
- Bloqueio Cautelar
- Leniência
- Mendes Júnior
- Ministério da Transparência
- Ministério de Minas e Energia (MME)
- Ministério Público Federal (MPF)
- Ocyan
- Odebrecht
- Operação Lava Jato
- Petrobras
- Queiroz Galvão Exploração e Produção
- SBM Offshore
- Schahin Engenharia (Base Engenharia)
- Sergio Moro