Transição energética

Vale e Porto do Açu estudam mega hub para descarbonizar siderurgia

Complexo industrial no RJ deverá receber em um primeiro momento pelotas da Vale e poderá incluir uma planta de briquete de minério de ferro

Foto: Divulgação Porto do Açu
Foto: Divulgação Porto do Açu

Vale e Porto do Açu anunciaram nesta terça (26/9) a assinatura de um Memorando de Entendimento (MoU) para estudar o desenvolvimento de um mega hub no porto, localizado na região norte do Estado do Rio de Janeiro, para descarbonizar a siderurgia.

O foco é a fabricação de HBI (“hot briquetted iron” ou ferro-esponja). O complexo industrial deverá receber em um primeiro momento pelotas da Vale e poderá incluir uma planta de briquete de minério de ferro, para alimentar a planta de HBI.

A matéria-prima é essencial para o processo de descarbonização da cadeia siderúrgica brasileira e internacional.

Entre as ações indicadas estão um estudo técnico coordenado pelo Porto do Açu e acadêmicos do setor, que propõem a utilização de HBI como carga parcial nos alto-fornos.

Isso reduziria a emissão de gases de efeito estufa, ao mesmo tempo em que pretende aumentar a produtividade do processo siderúrgico sem a necessidade de substituição dos ativos produtivos existentes, como os próprios alto-fornos e as aciarias.

Hoje, o HBI é mais comumente empregado nos fornos elétricos a arco, mas a maior parte das siderúrgicas brasileiras utiliza alto-fornos.

Segundo as companhias, o uso do HBI nesse tipo de forno permitirá ao parque siderúrgico brasileiro uma transição mais suave no processo de descarbonização.

“O uso de HBI nos alto-fornos pode diminuir as emissões de gases de efeito estufa em cerca de 25%, com reduções potenciais ainda maiores ao longo da cadeia, o que colocaria a indústria em linha com os objetivos de redução de emissões até 2030”, comenta Albano Vieira, consultor para temas de Siderurgia e Mineração da Prumo, holding que desenvolve o Porto do Açu..

Gás natural e hidrogênio

Outro ponto do acordo prevê que a Vale estudará alternativas de fornecimento de aglomerado de minério de ferro, como pelotas ou briquetes. Com isso, as empresas buscarão atrair investidores e clientes que construam e operem a planta de HBI.

A ideia é produzir HBI usando o gás natural que estará disponível no Porto do Açu, e posteriormente, migrar para o hidrogênio verde, reduzindo a emissão de carbono para próxima a zero.

A Vale afirma que o acordo com o Porto do Açu é mais um passo para desenvolver no Brasil o modelo dos mega hubs, complexos industriais voltados à fabricação de produtos siderúrgicos de baixo carbono, que está sendo implantado pela empresa em três países do Oriente Médio (Arábia Saudita, Emirados Árabes e Omã).

“Acreditamos que o Brasil tem um grande potencial para ser um polo da siderurgia de baixo carbono. Temos minério de ferro de alta qualidade, reservas de gás natural abundantes e potencial para desenvolver o hidrogênio verde”, diz o vice-presidente executivo de Soluções de Minério de Ferro, Marcello Spinelli.

“Como uma empresa brasileira, a Vale busca se associar a empreendimentos que contribuam nessa direção. Queremos ser indutores da “neo-industrialização” do Brasil, que será baseada na indústria verde”, completa.