BUENOS AIRES – O presidente da Argentina e a chefe da União Europeia assinaram um memorando de entendimento (MoU) na terça-feira para aumentar a cooperação em matérias-primas sustentáveis durante um evento em Buenos Aires, em um esforço para mais parcerias de energia limpa.
O acordo foi concebido para impulsionar a cooperação em infraestrutura favorável ao clima, bem como novas pesquisas sobre matérias-primas, incluindo o lítio, um metal ultraleve para baterias de veículos elétricos que os governos de todo o mundo desejam garantir o fornecimento.
“O lítio é muito importante porque é crucial para as tecnologias de energia limpa”, disse a presidente da Comissão da UE, Ursula von der Leyen, em entrevista coletiva em Buenos Aires, citando um aumento estimado de 12 vezes na demanda de lítio na Europa até 2030.
A Argentina é o quarto maior produtor mundial de lítio e vem atraindo uma onda de investimentos. O país, junto com Chile e Bolívia, está no chamado ‘triângulo de lítio’ da América do Sul, que contém o maior tesouro mundial do metal.
Lítio no Brasil
No Brasil, o tema também vem ganhando destaque. O Ministério de Minas e Energia (MME) estima que cerca de R$ 15 bilhões poderiam ser investidos na produção do minério até 2030.
Juntamente com o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) e o governo de Minas Gerais, o MME criou a inciativa Vale do Lítio, para atrair investimentos internacionais na criação de um polo de exploração e industrialização do mineral no Vale do Jequitinhonha. O objetivo é transformar a região em uma das principais produtoras de lítio do mundo.
O assunto foi tema de discussão no antessala epbr, no canal da epbr no Youtube. Veja como foi:
Potencial para energia renovável
Von der Leyen acrescentou que a Argentina também tem grande potencial para energia renovável, incluindo solar e eólica, bem como hidrogênio verde, um setor em crescimento.
O MoU surge no momento em que o bloco Mercosul (da América do Sul) e a UE avançam para finalizar um acordo comercial, que alguns líderes esperam que possa ser concluído até o final do ano.
“Meu objetivo é que façamos tudo o que pudermos para que o acordo Mercosul-UE seja concluído o mais rápido possível”, disse von der Leyen. “Acho que a maior parte do trabalho já foi feito.”
O presidente argentino, Alberto Fernández, disse que há alguns problemas no acordo a serem resolvidos, citando questões como a Europa procurando proteger seu setor agrícola e cláusulas ambientais rigorosas que podem afetar os produtores sul-americanos.
“Pedimos um acordo equilibrado, onde todos ganhemos”, afirmou. “Essas são as coisas sobre as quais temos que conversar”.
(Reportagem de Lucila Sigal; Roteiro de Isabel Woodford; Edição de Steven Grattan e Edward Tobin)