Renováveis sob pressão

Transição energética se tornou mais cara que o previsto, avalia executivo da EDP

Desafios econômicos têm pressionado os custos e a rentabilidade dos projetos de energia renovável

Brasil precisa de US$ 1,3 trilhões em investimentos em energias renováveis para net zero 2050. Na imagem: Painéis solares e torres eólicas (Foto Divulgação Hydro)
Energias renováveis e biocombustíveis e biomassa são tecnologias consideradas centrais para uma economia de baixo carbono | Foto Divulgação Hydro

SÃO PAULO — Em um cenário global marcado por inflação, altas taxas de juros, disrupções nas cadeias de suprimentos e crises geopolíticas, os desafios econômicos têm pressionado os custos e a rentabilidade dos projetos de energia renovável, avalia Carlos Andrade, vice-presidente de Client Solutions da EDP. 

“A transição energética tornou-se um pouco mais cara do que todos nós imaginávamos”, pontuou o executivo, nesta quarta (5/2), durante evento Energyear Brasil, em São Paulo. 

“Tivemos muitos fenômenos ao longo dos últimos anos. A pandemia, que causou disrupções nas cadeias de fornecimento globais; a guerra na Europa; o fenômeno das taxas de juros e da inflação”, enumerou Andrade.

“Se sobem as taxas de juros, obviamente isso afeta os resultados e afeta a cotação das ações das empresas de energia renovável no mundo inteiro. Você vê que nos últimos dois anos elas foram muito afetadas”. 

Andrade destacou os impactos desses fenômenos no setor enfatizam a necessidade de adaptação, inovação e busca por eficiência. 

Busca por soluções inovadoras

O executivo lembrou que os investimentos em transição energética global somaram US$ 2 trilhões em 2024, um crescimento de 11% em relação ao ano anterior, segundo dados da BloombergNEF. 

No entanto, esse crescimento representa uma desaceleração em comparação aos três anos anteriores, quando o setor registrou aumentos de 20% ao ano, puxada especialmente pela inflação. 

“Dois terços desses investimentos foram na China. Nos Estados Unidos, os investimentos foram estáveis, e na Europa, caíram. (…) Esse fenômeno está obrigando as empresas a se transformarem, a buscarem mais tecnologia, a reduzirem seus custos. E isso vai ter efeitos benéficos aqui no futuro e aqui no Brasil”,  avaliou.

O desafio ainda se soma ao sobre oferta de energia no Brasil, levando a uma queda nos preços de comercialização da energia. 

“Os preços no mercado livre estão historicamente em níveis muito baixos também, então isso cria um desafio de ter rentabilidade nesse projeto de geração e nos obriga a buscar novos modelos de negócios, novas tecnologias para superar esses desafios”.

Atualmente, a EDP possui 25 gigawatts (GW) de capacidade instalada em energia renovável em todo o mundo, com destaque para os Estados Unidos (9 GW), Europa (11 GW), Ásia (1 GW) e Brasil (3 GW).

“Continuamos investindo no mundo inteiro, estamos entregando entre 2 e 3 gigas de energia renovável por ano no mundo inteiro, isso inclui o Brasil. E vamos continuar investindo aqui no Brasil”.

Inscreva-se em nossas newsletters

Fique bem-informado sobre energia todos os dias