Cooperação energética para a transição

Temos complementariedade com Índia em tecnologias, afirma diretora da Petrobras

Petrobras e setor privado apontam cooperação entre os países em fórum bilateral e defendem cooperação tecnológica em petróleo, biocombustíveis e SAF

Diretora de Descarbonização e Mudança Climática da Petrobras, Viviana Coelho, fala durante o Fórum Econômico Brasil-Índia, no contexto da Cúpula do Brics, no Rio, em 7 de julho de 2025 (Foto Michelle Fioravanti/CNI)
Diretora de Descarbonização da Petrobras, Viviana Coelho, fala durante o Fórum Econômico Brasil-Índia, no Rio (Foto Michelle Fioravanti/CNI)

A diretora Global de Descarbonização e Mudança Climática da Petrobras, Viviana Coelho, ressaltou nesta segunda-feira (7/7) que há uma janela de complementaridade do Brasil com a Índia com tecnologias que podem ser acessadas para a transição energética e a promoção do bem estar social.

“O Brasil hoje é rico em energia de todos os elementos. A Índia importa energia. Ao mesmo tempo, são os dois países com menor consumo per capita de energia entre os países do Brics. O acesso amplo à energia e ao custo adequado está na base do bem-estar econômico. Mas há tecnologias aqui e lá importantes”, ressaltou Coelho durante o Fórum Econômico Brasil-Índia.

O evento reúne o setor privado e público dos dois países no Rio de Janeiro para discutir oportunidades de cooperação e negócios bilaterais.

No mesmo painel, o vice-presidente da Raízen, Cláudio Oliveira, defendeu a cooperação em políticas públicas e regulação energética em diferentes fóruns internacionais.

“Precisamos ter uma voz conjunta de Brasil e Índia em fóruns específicos, como Brics, G20 e COP30 (que acontece em novembro em Belém)”, pontuou. “A cooperação entre nossos países pode, de fato, fortalecer a transição energética. A transferência de tecnologia, especialmente a rota para SAF [sigla em inglês para combustível sustentável de aviação] e a criação de centro binacionais com foco em eficiência energética são oportunidades de cooperação”, complementou.

Os setores de combustíveis, celulose e máquinas e equipamentos estão entre os principais dentro de 380 oportunidades para produtos brasileiros no mercado indiano, de acordo com o estudo Perfil de Comércio e Investimentos Índia, realizado pela ApexBrasil.

O encontro é realizado por ocasião da visita de Estado do Primeiro-Ministro da República da Índia, Narendra Modi, ao país para o Brics e é promovido pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE), em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a Câmara de Comércio Índia-Brasil (CCIB) e a Federação das Câmaras de Comércio e Indústria da Índia (FICCI).

Parceria em petróleo e combustíveis de baixo carbono

A gerente de Descarbonização reiterou que a Petrobras vê potencial de cooperação com o mercado indiano nas frentes de exploração e produção, e também de combustíveis renováveis.

“São mercados que precisam de adição de energia, porque há um baixo consumo per capita. A Petrobras sendo responsável por um terço da produção de energia do Brasil pode entregar grande potencial para projetos em toda a cadeia de combustíveis, tanto de renováveis e fósseis”, disse ela durante o fórum Brasil-Índia.

A Índia foi, em 2024, o destino de 4% das exportações de petróleo da Petrobras, de acordo com a companhia. No início desse ano, a estatal assinou memorandos com empresas indianas para ampliar oportunidades mútuas nas áreas de exploração e produção, comercialização de petróleo e gás, descarbonização e soluções de baixo carbono, desenvolvimento de biocombustíveis e de novas energias.

Na avaliação de Coelho, uma das questões estruturantes que afetam ambos os países é como valorar os produtos mais sustentáveis.

“Quando falamos de transição energética para baixo carbono trata-se de um reordenamento das cadeias produtivas, levando em consideração o quanto de emissão é envolvida em cada produto. Hoje, mesmo a gasolina produzida com baixa emissão de carbono ainda não afeta o comércio internacional e isso precisa ser considerado no trade (negociação)”, pontuou.

Por Denise Luna e Gabriela da Cunha

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