Sociedade precisa ser preparada para a transição energética, diz Thiago Barral

Presidente da EPE participou do primeiro encontro da série Diálogos da Transição

O presidente da EPE, Thiago Barral, durante o Diálogos da Transição, orgainzado pela epbr e Cebds
O presidente da EPE, Thiago Barral, durante o Diálogos da Transição, orgainzado pela epbr e Cebds
Presidente da EPE, Thiago Barral, durante o Diálogos da Transição
Presidente da EPE, Thiago Barral, durante o Diálogos da Transição

A sociedade precisa ser preparada para a transição energética e os agentes envolvidos precisam ter clareza para explicar a alocação de custos e benefícios. A avaliação é do presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Thiago Barral, que participou nesta terça-feira, 14, do primeiro encontro da série Diálogos da Transição, organizado pela epbr e o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (Cebds).

“A Irena tem estudos que mostram os países que saem ganhando e os que saem perdendo com a transição energética. A África sai perdendo. São questões que precisam ser enfrentadas. É fundamental que as políticas sejam desenhadas levando consideração, desde a sua origem, o aspecto da equidade para tratar com sensibilidade. Eu acho que hoje ainda não estamos preparados. Temos uma missão grande para preparar a sociedade, sobretudo para aproveitar as oportunidades”, comentou o presidente da EPE.

Esse ponderação de custos e benefícios, na visão de Barral, deve ser aplicada aqui. “O Brasil viveu uma crise e a economia tomou um tombo de 7%. Essa é uma contribuição que o Brasil dá para o controle de emissões, que não é desprezível. [Mas] o brasileiro está pagando caro, com desemprego, com redução da economia do país. Dito isso, não é desculpa para deixar de olhar a expansão das renováveis na matriz energética de uma forma geral”.

O executivo destacou também que apesar da grande participação de fontes renováveis na matriz energética, a transição para uma economia de baixo carbono depende de um ambiente de negócios favorável, com disposição para promover inovações no mercado e fomentar investimentos.

“Existem várias estratégias que nos fazemos nos estudos da EPE. Não é uma única, mas começa com um desenho de mercado que precifique corretamente os requisitos do sistema. Se não, a gente trava todas as inovações que são a base da transição energética. Sem inovação, não tem transição”.

Barral afirmou ainda que nos últimos anos acontece uma continua redução dos custos e dos preços das energias renováveis, sobretudo das fontes eólica e solar. “ Na nossa visão, essas fontes vão ser o carro chefe da expansão, pelo seu mérito econômico”, completou.

O presidente da EPE defendeu, contudo, o mix de energias na matriz. “Agora, ela tem que estar combinadas com outras fontes. O nosso desenho de mercado precisa evoluir para reconhecer essa nova realidade, de uma matriz cada vez mais com fontes variáveis ou não despacháveis e aí, portanto, isso afeta a dinâmica de oferta e demanda de energia elétrica e a precificação da energia precisa ser aderente a isso”, comenta.

Thiago Barral afirmou também que, “se o Brasil votar a crescer de forma acelerada, o país vai precisar de uma ambição maior em eficiência energética e dar conta, como o mundo não está dando conta, de atender o crescimento da demanda prioritariamente com renováveis” ,afirmou.

A EPE é um estatal que funciona como uma consultoria para o governo na formação de políticas energéticas. Thiago Barral assumiu a presidência da empresa em janeiro – o primeiro funcionário de carreira a assumir esse posto.

Diálogos da Transição são uma série de eventos promovidos pela epbr e pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS). Veja todo conteúdo em eixos.com.br/transicao.

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