FOZ DO IGUAÇU (PR) — Os combustíveis sustentáveis de aviação (SAF, em inglês) devem ter respostas muito rápidas das companhias aéreas que buscam soluções para descarbonizar suas operações, disse nesta terça (1/10) o diretor-geral de Itaipu Binacional, Enio Verri.
Esta semana, a cidade paranaense de Foz do Iguaçu sedia as reuniões ministeriais do grupo de trabalho de transições energéticas do G20 e, segundo o executivo, há uma clara demonstração de interesse no projeto piloto que está sendo desenvolvido pelo parque tecnológico de Itaipu para produção de petróleo sintético a partir do biogás.
“Aqui dentro do G20, empresas estão nos procurando para trocar experiências para fazer parcerias e convênios para aumentar a produção do SAF”, disse a jornalistas.
Na visão do executivo, este mercado tende a ganhar impulso mais rápido que o hidrogênio de baixo carbono, por exemplo, devido ao movimento da demanda e da escala dos investimentos.
“O setor aéreo está à procura disto, outros setores de transportes também estão à procura desta experiência [de novos combustíveis]. Empresas [no Brasil] já estão desenvolvendo. Então eu diria que a soma da procura do SAF, com a iniciativa privada, com Itaipu e o instituto de pesquisa e com as universidades, deve ser mais rápido o resultado do que o próprio hidrogênio verde”.
Ele explica que o hidrogênio, embora esteja em um nível de maturação avançado, ainda não chegou à escala.
“Tem desafio porque você precisa produzir muito para ser barato”, diz.
Estudo da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) calcula que os três projetos anunciados no Brasil para produção de combustíveis sustentáveis de aviação são capazes de atender, em média, 38% da demanda doméstica.
Petrobras, Acelen e BBF planejam colocar em operação suas biorrefinarias entre 2025 e 2029, de olho no mercado que será criado a partir de 2027, pelo mandato de redução de emissões da aviação aprovado no PL do Combustível do Futuro. O março legal está com a sanção marcada para 8 de outubro.
Mercado ansioso com o Combustível do Futuro
“O mercado está ansioso por isso [a demanda que será criada pelo Combustível do Futuro]. A transição energética não é uma escolha política, é uma imposição da humanidade”, disse Verri à agência eixos.
Para o diretor, a discussão hoje, em alguns países, é como fazer essa transição considerando que alguns mercados são altamente dependentes de petróleo.
“Temos países na América Latina e África que têm uma grande dependência de petróleo. É claro que eles são mais cuidadosos em dizer sobre a transição. Mesmo assim, eles sabem que é inevitável que ela ocorra. Tem que discutir quanto tempo ela leva”.
No caso do Brasil é diferente, observa Verri. “Nós já temos uma produção de energia barata e limpa, para nós é muito mais fácil implementar essa transição. Por isso, o evento do dia 8, quando o presidente Lula assina [a lei do Combustível do Futuro] será um pontapé para que se dê a implementação desses combustíveis”.