BRASÍLIA — Lançado nesta quarta (5/10), relatório da Ember Climate aponta que a expansão da geração de eletricidade a partir de fontes renováveis conseguiu interromper cerca de 4% na geração a partir de combustíveis fósseis, em especial carvão e gás natural, no primeiro semestre de 2022.
Três quartos do aumento da demanda global por eletricidade no período foi atendida por eólica e solar, enquanto a hidroeletricidade atendeu o restante.
O documento, que avalia dados sobre a eletricidade em 75 países representando 90% da demanda mundial do setor elétrico, também estima uma economia US$ 40 bilhões em custos com combustível e 230 milhões de toneladas de emissões de dióxido de carbono (CO2) evitadas.
Enquanto a demanda mundial de eletricidade expandiu em 389 terawatts-hora (TWh), a geração a partir de fontes limpas cresceu 416 TWh.
Em países como a China, o aumento da geração eólica e solar atendeu 92% do crescimento da demanda de eletricidade. Já nos EUA, o atendimento dessas fontes foi de 81%.
Com isso, a produção de fósseis permaneceu quase inalterada.
“Como o aumento da demanda de eletricidade foi atendido a partir de fontes renováveis, não houve necessidade de geração adicional a partir de combustíveis fósseis”, analisa o relatório.
Emissões seguem altas
O avanço das renováveis ajudou a segurar a geração fóssil, cujo crescimento foi de 0,1% no primeiro semestre, ou 5 TWh.
A queda de 36 TWh na geração a carvão ajudou a compensar o aumento de 42 TWh nos derivados de petróleo.
Esse cenário deve manter as as emissões globais do setor energético inalteradas no primeiro semestre de 2022 em comparação com o mesmo período do ano passado, apesar do aumento da demanda de eletricidade, avalia o think tank.
Na União Europeia, que enfrenta uma crise energética em meio à guerra da Rússia contra a Ucrânia, o uso do carvão teve um aumento de 15% para cobrir o déficit temporário na geração nuclear e hidrelétrica.
O carvão também subiu 10% na Índia, ante à forte recuperação na demanda de eletricidade pós-pandemia de covid-19. Mas, globalmente, estes aumentos foram compensados por quedas de 3% na China e 7% nos EUA.
Até o final do ano, a Agência Internacional de Energia (IEA, em inglês) calcula que uma queda de 2,4% na demanda de eletricidade deve ajudar a puxar para baixo as emissões do setor de energia global.
Depois de aumentar mais de 13 bilhões de toneladas em 2021, as emissões de CO₂ do setor elétrico devem ter um leve declínio de cerca de 0,5% em 2022 e 1% em 2023 — menos por uma mudança de matriz do que pelo movimento da demanda.
Em 2021, a geração de carvão e gás correspondeu a 36,58% e 22,30%, respectivamente, de toda produção de energia ao redor do mundo.