Transição energética

Parceria Brasil-EUA pelo Clima mira financiamento verde e mercados de carbono

Países vão cooperar em mecanismos de financiamento público e privado, que incluem o apoio à diversificação de cadeias globais de suprimentos para energia limpa

Parceria pelo Clima entre Brasil e EUA mira energia limpa, financiamento verde e mercados de carbono. Na imagem: Ministro da Fazenda do Brasil, Fernando Haddad, e secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen (Foto: Diogo Zacarias/MF)
Ministro da Fazenda do Brasil, Fernando Haddad, e secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen (Foto: Diogo Zacarias/MF)

BERLIM – O Ministério da Fazenda do Brasil e o Tesouro dos Estados Unidos divulgaram, nesta sexta (26/7), uma declaração conjunta em que anunciam a criação de uma Parceria para o Clima, com quatro pilares: cadeias de suprimento de energia limpa; mercados de carbono; finanças da natureza e da biodiversidade; e fundos climáticos multilaterais. 

A declaração foi assinada à margem do Encontro dos Ministros das Finanças e Presidentes de Bancos Centrais – que antecipam a reunião de líderes mundiais do G20 em novembro, no Rio de Janeiro. 

“A Parceria pelo Clima ajudará a desenvolver políticas e liderará reformas em instituições internacionais em que ambos os países são partes interessadas, de forma que os capitais público e privado sejam mais eficientes e efetivamente empregados para enfrentar os desafios climáticos mais urgentes”, diz a declaração.

A parceria é um desdobramento da agenda bilateral anunciada pelos dois governos em fevereiro de 2023.

Os quatro pilares

No primeiro pilar da parceria, focado no desenvolvimento de cadeias de suprimento de energia limpa, os países se comprometem a criar juntos políticas que mobilizem o investimento privado para diversificar cadeias de produção globais, além de apoiar a implementação em larga escala de tecnologias de produção de energia limpa. 

Ambos os países também assumem o compromisso de financiar a manufatura de equipamentos de energia renovável, hidrogênio de baixo carbono e biocombustíveis, entre outras áreas. 

O segundo pilar visa a construção de mercados de carbono que sejam íntegros e transparentes. 

“Mercados de carbono íntegros podem ser fonte de capital para tecnologias e práticas essenciais para a transição climática, incluindo a captura de carbono, a descarbonização baseada na natureza e a proteção dos recursos naturais”, diz o documento.

A preservação da natureza e da biodiversidade constitui o terceiro pilar. A parceria pretende mobilizar recursos tanto do setor público quanto do privado para financiar iniciativas que protejam ecossistemas e promovam a biodiversidade, incluindo a proposta brasileira da criação do Tropical Forest Financing Facility. 

Na carta, os países também citam a intenção dos Estados Unidos de cumprir o pedido feito em 2023 pelo presidente Joe Biden de aportar US$ 500 milhões ao Fundo Amazônia

Já o quarto pilar, de apoio aos fundos climáticos multilaterais, a parceria buscará fortalecer a arquitetura financeira climática global, incluindo fundos como os Fundos de Investimento Climático (CIF), o Fundo Global para o Meio Ambiente, o Fundo de Adaptação (AF) e o Fundo Verde do Clima. 

O objetivo é melhorar o acesso ao financiamento para mercados emergentes e países em desenvolvimento, mobilizando recursos necessários para enfrentar os desafios climáticos de forma eficaz.

Os países também destacaram que o apoio ao lançamento do Mecanismo de Mercado de Capitais, que financiará uma nova geração de planos de investimento em áreas críticas para o emprego de tecnologias limpas.