Diálogos da Transição

O&G precisa “melhorar seu jogo” na corrida climática, reconhece CEO da Adnoc

Em discurso na Ceraweek, Ahmed al-Jaber disse que setor de petróleo e gás precisa descarbonizar rapidamente suas operações e ajudar seus clientes

COP28 será presidida por CEO de estatal de petróleo. Na imagem: Sultão Ahmed al-Jaber, CEO da petroleira estatal Adnoc, nomeado como presidente da conferência climática da ONU – COP28 (Foto: Reprodução site Adnoc)
Sultão Ahmed al-Jaber, CEO da petroleira estatal Adnoc, nomeado como presidente da conferência climática da ONU – COP28 (Foto: Reprodução site Adnoc)

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Editada por Nayara Machado
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O presidente da próxima conferência climática das Nações Unidas (COP28) e CEO da petroleira dos Emirados Árabes Adnoc, Ahmed al-Jaber, disse nesta segunda (6/3) que o mundo precisa reduzir as emissões em 7% a cada ano para manter 1,5°C vivo — um “desafio global que exige soluções globais”.

Em discurso na Ceraweek, conferência anual que reúne líderes de energia em Houston, nos EUA, o sultão reconheceu a necessidade de o setor de petróleo e gás descarbonizar rapidamente suas operações e ajudar a descarbonizar as de seus clientes.

E convocou os líderes para “descarbonizar mais rapidamente, preparar o futuro mais cedo e criar o sistema de energia do futuro, hoje”. As informações são da agência de notícias Emirates (WAM).

“Ao lado de todas as indústrias, o setor de petróleo e gás precisa melhorar seu jogo, fazer mais e mais rápido”, disse Al-Jaber.

Com apenas metade da indústria declarando meta de zero líquido nos escopos 1 e 2 (operações e consumo de energia, respectivamente) até 2050, o executivo defendeu um esforço para zerar emissões de carbono mais cedo, e chegar a 2030 com metano zero.

Para isso, elencou eletrificação das operações, captura e armazenamento de carbono (CCS) e aumentar eficiência como soluções.

No escopo 3 (cadeia de suprimentos e produtos), deu maior ênfase à eletricidade, cimento, aço e alumínio como alvos para corte de emissões.

Deixando em segundo plano o transporte – principal destino do petróleo bruto e cujas emissões são a maior contribuinte para a mudança climática em muitos países, entre eles, os Estados Unidos. The Washington Post

Novas energias

“Reduzir a crise climática não é apenas descarbonizar as operações de petróleo e gás”, defendeu Al-Jaber.

O discurso focou na diversificação de portfólios, eficiência energética e financiamento.

Para o CEO da petroleira estatal, com incentivos, tecnologias, mentalidade e modelo de parceria certos, a indústria de petróleo e gás tem a “capacidade e os recursos para ajudar todos a abordar o escopo 3”.

Relatório da Wood Mackenzie publicado no final do ano passado mostra que apenas 10 grandes empresas de petróleo e gás têm compromissos para zerar emissões de gases de efeito estufa (GEE) da cadeia de suprimentos e produtos.

A meta da empresa mais ambiciosa é líquido zero no escopo 3 em 2030. A maioria tem como alvo 2050.

Diversificando

O que tem ganhado força entre os produtores de óleo é a diversificação de portfólio, de olho no fornecimento de novas energias para setores intensivos.

Avançam os investimentos em solar, eólicas onshore e offshore e formação de hubs de hidrogênio e captura e armazenamento de CO2.

“A geração de energia é o setor em que o maior impacto pode ser causado no menor período de tempo. Até 2030, a capacidade de energia renovável precisa triplicar”, argumentou Al-Jaber.

Também defendeu um ‘ecossistema facilitador’ que conecte políticas, pessoas, tecnologia e capital para descarbonizar economias em escala.

Segundo o presidente da COP28, apenas 15% do investimento em tecnologia limpa chega às economias em desenvolvimento no Sul Global, onde vivem 80% da população.

“É por isso que precisamos pensar seriamente sobre a reforma fundamental das instituições financeiras internacionais e dos bancos multilaterais para desbloquear o financiamento concessional, reduzir o risco e atrair mais investimentos privados”.

‘COP para todos’

Em entrevista a Daniel Yergin, vice-presidente da S&P Global e presidente da conferência Ceraweek, destacou que “as políticas que visam desligar o sistema de energia existente antes que um novo seja construído são uma receita para futuras crises de energia”.

Quando questionado sobre o que espera alcançar na COP28, destacou como prioridades mitigação, adaptação, perdas e danos, financiamento climático e inovação de processos.

“A COP28 será uma COP de ação (…) O mundo deve passar dos tratados para a implementação. Soluções são necessárias dentro e fora das negociações formais. Também será uma COP para todos: incluindo diversas partes interessadas, responsáveis ​​por compromissos e acionáveis ​​em soluções”.

Vale dizer: uma “COP para todos” também pode significar uma conferência para o O&G, repetindo – ou fortalecendo – um movimento observado na cúpula climática de novembro passado.

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36,8 bilhões de toneladas de CO2

As declarações desta segunda ocorrem quatro dias após a Agência Internacional de Energia (IEA, em inglês) alertar que as emissões permanecem em uma trajetória de crescimento insustentável e a transição para energia limpa precisa acelerar de verdade.

No ano passado, as emissões globais de CO2 relacionadas à energia aumentaram 0,9%, ou 321 milhões de toneladas, atingindo um novo recorde de mais de 36,8 bilhões de toneladas.

Segundo a agência, após o salto de 6% em 2021, as emissões do ano passado só não foram maiores porque o avanço da energia solar, eólica, veículos elétricos, bombas de calor e eficiência energética ajudaram a limitar os impactos do aumento do uso de carvão e petróleo em meio à crise global de energia.

Enquanto isso, os 10% que mais emitem no planeta estão colocando em risco as ambições de zero líquido de todo mundo.

Os modeladores de energia da IEA mostram que 1% dos maiores emissores globais produzem mais de 1.000 vezes mais CO2 do que o 1% da base. Em termos de variações regionais, o norte-americano médio emitiu 11 vezes mais CO2 relacionado à energia do que o africano médio em 2021.

Se os 10% principais emissores globalmente mantiverem seus níveis atuais de emissões a partir de agora, eles sozinhos excederão o orçamento de carbono remanescente no Cenário Net Zero 2050 até o ano de 2046.

E ainda…

Estão abertas até 12 de março as inscrições para o terceiro módulo do Energy Starter, programa de inovação aberta da EDP que pretende descobrir startups e conectá-las a especialistas da empresa em todo o mundo. O terceiro módulo do programa busca iniciativas nas áreas de mobilidade e de soluções para clientes.

As candidaturas podem ser feitas pelo site do programa. As startups selecionadas participam de um bootcamp em Lisboa, entre 26 e 28 de junho, para apresentar suas propostas e trabalhar na concepção de projetos-piloto com especialistas do grupo EDP.