Por Bete Nogueira, da Alter Conteúdo Relevante
A Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura lançou nesta terça (9/3) o Observatório da Restauração e Reflorestamento, uma plataforma para integrar em uma base única dados mapeados por diversos colaboradores e pesquisadores de restauração florestal, regeneração natural e reflorestamento. Além de fortalecer o trabalho que já vem sendo desenvolvido por setores públicos e privados nos ecossistemas brasileiros, a ferramenta pretende ajudar os grupos a atingirem metas estabelecidas para a Década da ONU sobre Restauração de Ecossistemas. Por exemplo, restaurar 350 milhões de hectares degradados até 2030.
Para Danielle Celentano, gerente sênior de restauração de paisagens e florestas da Conservação Internacional no Brasil e secretária executiva da Aliança pela Restauração da Amazônia, restaurar áreas verdes é uma grande oportunidade para o desenvolvimento socioeconômico. Além disso, será um novo paradigma para a região, que sofre até hoje com a destruição e conversão da floresta. Mas ela acredita que é preciso “arrumar a casa” antes.
“Além da Década da ONU, precisamos também cumprir o código florestal e restaurar o passivo das propriedades rurais. Aqui na Amazônia, estamos anos-luz atrasados, precisamos dar um grande salto em pesquisas básicas. Temos ainda poucas informações, pouco conhecimento e pouco capital humano sendo formado na região para trabalhar com restauração”, alerta a ambientalista.
O observatório permitirá o mapeamento de iniciativas que serão monitoradas, o que pode representar a oportunidade de bons negócios para o país. Márcio Macedo, responsável pelo departamento de meio ambiente e de gestão do Fundo Amazônia do BNDES, acredita que os dados da plataforma trarão uma utilidade operacional para o trabalho de análise de instituições financeiras que apoiam iniciativas ligadas ao reflorestamento e à regularização ambiental. A instituição poderá ver o resultado do empreendimento financiado mesmo após o fim do prazo estabelecido em contrato.
Outra vantagem citada por Macedo é que a tecnologia da plataforma permitirá analisar o entorno dos projetos, ultrapassando seu recorte territorial. “O BNDES tem uma carteira de financiamentos que, só de operações diretas, específicas de restauração, tem cerca de 30 mil hectares. Desses, 20 mil hectares já estão implementados. Além das áreas previstas em contratos para melhorias ambientais, poderemos pensar no seu entorno, como uma bacia hidrográfica ou corredores ecológicos”, observou.
Para o desenvolvimento do Observatório da Restauração e Reflorestamento, a Coalizão Brasil conta com a parceria do Pacto pela Restauração da Mata Atlântica e a liderança do Instituto WRI Brasil, The Nature Conservancy Brasil e Imazon – Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia.