Internacional

Noruega espera cooperar com o Brasil na mineração no fundo do mar

Brasil é um dos mais de vinte países que manifestaram resistência à atividade, durante as negociações da Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos, em julho

Vice-ministra de Petróleo e Energia da Noruega, Astrid Bergmal, afirma que Noruega espera cooperar com o Brasil na mineração no fundo do mar, durante evento promovido pelo consulado norueguês, no Rio de Janeiro (Foto: Consulado Geral da Noruega)
Vice-ministra de Petróleo e Energia da Noruega, Astrid Bergmal, durante evento promovido pelo consulado norueguês, no Rio de Janeiro (Foto: Consulado Geral da Noruega)

RIO – Em visita ao Brasil, a vice-ministra de Petróleo e Energia da Noruega, Astrid Bergmal, afirmou que espera estreitar as relações com o Brasil na exploração de minerais no fundo do mar, além do desenvolvimento das eólicas offshore e tecnologias de captura e armazenamento de carbono (CCS).

“O Brasil e a Noruega estão cooperando estreitamente em vários campos relacionados à energia, como petróleo e gás offshore, bem como energia solar e eólica”, disse a vice-ministra, nesta segunda (6/11), durante evento promovido pelo consulado norueguês, no Rio de Janeiro. 

“Além disso, ambos vemos um grande potencial para uma maior cooperação no domínio da energia eólica offshore, da captura e armazenamento de carbono e dos minerais dos fundos marinhos, apenas para mencionar alguns”, completou. 

Brasil é contra a exploração em águas profundas

A atividade de mineração em águas profundas é alvo de discordância entre os dois países. 

O Brasil é um dos mais de vinte países que manifestaram resistência à atividade, durante as negociações da Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISA), em julho. Objetivo da discussão era chegar a um acordo de uma regulação internacional sobre o tema, o que não ocorreu.

Diante da falta de consenso, o Brasil, ao lado do, Chile, França e Alemanha, pediu uma pausa nas atividades, argumentando a falta de dados científicos suficientes sobre impactos ambientais para liberar esse tipo de atividade. 

Neste mês de novembro, os 168 membros da ISA se reúnem novamente para retomar a discussão.

Recentemente, o governo do Reino Unido reiterou oficialmente a decisão de apoiar uma moratória para projetos de exploração de minerais do fundo do mar, até que haja estudos científicos capazes de avaliar o real impacto ambiental da atividade. 

Já a Noruega abriu, em junho, 280 mil quilômetros quadrados em áreas nos mares da Groenlândia, Noruega e Barents para que empresas de mineração solicitem licenças. 

Em busca de minerais críticos

Segundo o governo norueguês, a mineração em águas profundas poderia ajudar a Europa a reduzir a sua dependência da China em relação ao suprimento de minerais críticos para transição energética, para fabricação de baterias de veículos elétricos, turbinas eólicas e painéis solares.

Por lá, um estudo diz ter encontrado uma quantidade “substancial” de cobre e metais de terras raras, incluindo cerca de 38 milhões de toneladas de cobre, quase o dobro do volume extraído globalmente a cada ano.

Ambientalistas alertam para o risco de liberação de enorme quantidade de CO2 acumulado no mar, e da ameaça da mineração à vida marinha. 

No Brasil, os bens minerais no fundo do mar já são alvo de interesse de empresas. Segundo o Serviço Geológico Brasileiro, já foram feitos estudos sobre a presença sais de potássio e fosfato, minério de ferro, ilmenita, sal-gema, calcário, ouro e diamante em águas profundas.