Diálogos da Transição

Mundo tem 80% de chance de ultrapassar 1,5°C até 2028

Os últimos anos têm registrado recordes de emissões, temperaturas e desastres climáticos

Seca atinge Rios Solimões e Tefé; Comunidade Porto Praia, no Solimões, que seria um dos acessos para chegar a Tefé, AM (Foto: Reprodução Agência Cenarium)
Seca atinge Rios Solimões e Tefé; Comunidade Porto Praia, no Solimões, que seria um dos acessos para chegar a Tefé, AM (Foto: Reprodução Agência Cenarium)

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Editada por Nayara Machado
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A Organização Meteorológica Mundial (OMM) alertou, nesta quarta (5/6), que há 80% de chances de quebrarmos recordes de aumento de temperatura anuais, superando 1,5°C, nos próximos cinco anos.

1,5°C é o limite apontado como relativamente seguro pelos cientistas, e que deveria ser perseguido pelas políticas climáticas dos signatários do Acordo de Paris. Depois disso, a humanidade percorrerá caminhos completamente desconhecidos e imprevisíveis.

Os últimos anos têm sido de recordes: de emissões de gases de efeito estufa, aumento de temperatura e desastres climáticos.

Os cientistas cobram celeridade na implementação de políticas e compromissos para descarbonizar a economia, mas também preparar os territórios para lidar com os efeitos de uma nova realidade climática.

“A OMM está soando o alarme de que iremos exceder o nível de 1,5°C numa base temporária e com frequência crescente. Já ultrapassamos temporariamente este nível em meses individuais – e também nos últimos 12 meses”, disse a secretária-geral adjunto da OMM, Ko Barrett.

“Por trás destas estatísticas está a triste realidade de que estamos muito longe de cumprir as metas estabelecidas no Acordo de Paris”, completou

Ainda assim, a OMM acredita que a meta de 1,5°C do Acordo de Paris é alcançável, porque trata de aquecimento ao longo de décadas.

Ou seja, mesmo depois de ultrapassar o limite, seria possível recuar para um limiar seguro.

As probabilidades

Uma das previsões é que a temperatura média global para cada ano entre 2024 e 2028 fique entre 1,1°C e 1,9°C acima do registrado entre 1850-1900 (antes de começarmos a queimar combustíveis fósseis intensamente).

Há uma probabilidade de 47% de a temperatura média superar 1,5°C durante todo o período de cinco anos entre 2024-2028 –  acima dos 32% calculados no último relatório anual para 2023-2027.

“A probabilidade de tais picos de temperatura – atualmente em 80% – tem aumentado constantemente desde 2015, quando essa probabilidade era próxima de zero. Nos anos entre 2017 e 2021, havia 20% de probabilidade de ultrapassar o limite, e esta probabilidade aumentou para 66% entre 2023 e 2027”, explica o documento.

E daí?

O Fórum Econômico Mundial (WEF, em inglês) estima que até 2050 as mudanças climáticas podem causar 14,5 milhões de mortes e US$ 12,5 trilhões em perdas econômicas em todo o mundo.

A crise climática já é apontada por especialistas como o maior risco global da década.

Os estragos provocados pelas chuvas no Rio Grande do Sul em maio são apenas uma demonstração de como o aumento da temperatura global coloca em risco populações inteiras, causando mortes, prejuízos bilionários e criando centenas de milhares de refugiados climáticos.

Considerando os cenários elaborados pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) sobre a trajetória mais provável do aumento da temperatura média do planeta, de 2,5°C a 2,9°C acima dos níveis pré-industriais, os economistas apontam que as inundações representam o maior risco de mortalidade induzida pelo clima, estimando 8,5 milhões de mortes até 2050.

As secas, indiretamente ligadas ao calor extremo, são a segunda maior causa de mortalidade, com 3,2 milhões de pessoas ameaçadas.

No aspecto financeiro, as ondas de calor têm o maior custo econômico, estimado em US$ 7,1 trilhões até 2050 devido à perda de produtividade.

Cobrimos por aqui:

Curtas

Combustível do Futuro sem consenso

Agentes dos mercados de gás natural e biometano, além de consumidores industriais, ainda buscam um acordo para a nova política que está sendo proposta no PL do Combustível do Futuro (528/2020). O relator no Senado Federal, Veneziano Vital do Rêgo (MDB/PB), afirmou que pretende apresentar seu relatório na próxima semana. Veja detalhes

Bioenergia reduz emissões

Somente no ciclo Otto, as emissões evitadas pelo uso maior de etanol alcançaram 10,6 milhões de toneladas de CO2eq, representando o segundo maior valor trimestral registrado desde o início do estudo. Nos veículos pesados, biodiesel contribuiu para redução de 4,4 milhões de toneladas de CO2eq. Leia na epbr

Plano de adaptação

A Câmara dos Deputados aprovou projeto de lei que estabelece diretrizes gerais para a elaboração, pelo poder público, dos planos de adaptação à mudança do clima. A proposta será enviada à sanção presidencial. De autoria da deputada Tabata Amaral (PSB/SP) e outros, o PL 4.129/21 prevê que prioridades sejam estipuladas com base no nível de vulnerabilidade e de exposição de populações, setores e regiões a riscos climáticos. (Agência Câmara)

Auren compra Esfera

A Auren Energia anunciou na terça (4/6) a aquisição de todas as ações da Esfera Comercializadora de Energia Ltda. e da Esfera Energia Consultoria e Gestão de Energia Ltda. Fundada em 2015, a Esfera Energia atende 570 grupos empresariais e gerencia cerca de 1,6 mil contratos de compra e venda de energia elétrica no mercado livre de energia. Em 2023, a empresa faturou R$ 324 milhões. Leia na epbr

Solar no mercado livre

Em março de 2024, o mercado livre absorveu nível recorde de geração solar por meio de usinas centralizadas. Dos 3.016 MW médios gerados, 2.287 MW médios foram destinados ao mercado livre de energia, o equivalente a 76% da produção. Um ano antes, em março de 2023, esse percentual era de 45%, de acordo com o Boletim da Energia Livre, publicado pela Abraceel.

Eólica offshore em NY

A Equinor anunciou na terça a execução do contrato de compra e venda (PSA) com a Autoridade de Pesquisa e Desenvolvimento Energético do Estado de Nova York (NYSERDA) para a energia renovável gerada pelo projeto eólico offshore Empire Wind 1. Este acordo segue o anúncio da NYSERDA em fevereiro de que a Equinor foi selecionada como vencedora condicional na quarta concorrência de energia eólica offshore de Nova York. Em janeiro, a empresa cancelou um outro projeto do tipo por falta de viabilidade financeira.