Para o CEO da Siemens Energy no Brasil, André Clark, o desenvolvimento de uma economia verde e o mercado de carbono serão soluções mandatórias para a recuperação dos países pós-pandemia – e o Brasil perderá uma oportunidade única se não definir uma posição nessas políticas.
“O mundo vai exigir da gente muita parcimônia e ações muito concretas. O mercado de carbono é uma delas”, disse em entrevista à epbr, publicada nesta segunda (29). Reveja o vídeo
“A covid é resultado de uma crise ecológica resultante de uma crise climática. Não tenho a menor dúvida os cientistas já estão colocando isso. A humanidade não irá tolerar isso mais”, diz.
Ele acredita que o Brasil tem todas as condições de criar um ambiente legal para criação de um mercado compulsório, se houver mobilização do Congresso Nacional.
Em setembro do ano passado, o então presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM/RJ), havia afirmado que a pauta era uma prioridade. O projeto escolhido para tratar do tema (PL 7578/2017), de autoria de Zé Silva (Solidariedade/MG), contudo, não avançou.
“O Brasil que eu acredito é aquele Brasil lá na ECO 92, que criou o conceito de deslocamento sustentável. É esse mesmo país que é uma potência da energia verde, é uma potência diplomática capaz de ser um grande catalisador da economia verde”, diz.
“Olha os ativos que a gente tem. Não aproveitá-los, pode ser uma perda de oportunidade (…) A gente cria uma economia verde que favorece o nosso desenvolvimento, nossa saída desse buraco da covid e simultaneamente ganhamos um pouco mais de credibilidade na nossa longa e importante história verde como o país líder nessa área”, defendeu o executivo.
[sc name=”adrotate” ]
A Siemens Energy, divisão do grupo alemão criada durante a pandemia, vem apostando seus investimentos em energia renovável e se comprometeu a ser neutra nas emissões de carbono até 2030.
Entretanto, Clark espera que no Brasil essa meta será alcançada antes do previsto.
Afirma que a maneira mais eficiente e barata para captura de carbono será por meio do reflorestamento, citando a necessidade de recuperar áreas desmatadas da Amazônia e Pantanal.
“Nossa operação brasileira vai chegar (nessa meta) bem antes. Já estamos 70 por cento do caminho trilhado (…) Aqui, a Siemens Energy resolveu adotar o que se chama precificação interna de carbono, de 40 dólares por tonelada equivalente de carbono”.
Baseado neste preço, a cada operação gera um crédito no orçamento da companhia para investimentos em projetos de descarbonização.
“A gente acredita que essa tendência da descarbonização, que já vem há muitos anos, vai acelerar à medida que a sociedade global se recupera da [pandemia] de covid-19”, diz.
O executivo também destacou o fenômeno do crescimento de investimentos em Fundos ESG e o papel central da descarbonização nesse movimento.
“Nunca houve uma transferência de dinheiro tão grande para fundos e ESG (…) O dinheiro vai ficar muito mais difícil para quem não tiver essa ideia de descarbonização e ESG nos seus negócios”, afirmou.
[sc name=”youtube” id=”DBUV0kkyFpw” ]