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Diálogos da Transição
APRESENTADA POR
Editada por Nayara Machado
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Novo relatório da UN Climate Change publicado nesta terça (14/11) conclui que as emissões de carbono lançadas à atmosfera vão subir 9% em 2030, comparado com o nível de 2010 e que as políticas atuais levarão a um aquecimento de 2,1°C a 2,8°C até o fim do século.
O ano de 2023 já entrará para a história como o mais quente já registrado. Até agora estamos 1,2°C acima dos níveis pré-industriais e está cada dia mais quente, mais caótico e mais difícil evitar que as temperaturas ultrapassem 1,5ºC até 2100.
1,5°C é o limite de aquecimento apontado como relativamente seguro pelos cientistas, e que deveria ser perseguido pelas políticas climáticas dos signatários do Acordo de Paris. Depois disso, a humanidade percorrerá caminhos completamente desconhecidos e imprevisíveis.
Este ano também é um ano de grandes expectativas em relação ao que será possível obter de resultado na cúpula climática da ONU, marcada para daqui a duas semanas nos Emirados Árabes Unidos, a COP28.
O relatório da UNFCCC chega como um alerta para os negociadores: não dá mais para protelar.
“O relatório de hoje mostra que, combinados, os governos estão dando passos de bebê para evitar a crise climática. E mostra por que os governos devem dar passos decisivos na COP28 em Dubai, para entrar no caminho certo”, disse o secretário executivo da UNFCCC, Simon Stiell.
“Isso significa que a COP28 deve ser um ponto de virada claro. Os governos não devem apenas concordar com ações climáticas mais fortes, mas também começar a mostrar exatamente como implementá-las”.
A UNFCCC analisou 195 contribuições nacionalmente determinadas (NDCs, na sigla em inglês), incluindo as 20 NDCs novas ou atualizadas apresentadas até 25 de setembro de 2023.
Para atingir o pico de emissões antes de 2030, diz o relatório, “os elementos condicionais das NDCs precisam ser implementados, o que depende principalmente do acesso a recursos financeiros aprimorados, transferência de tecnologia e cooperação técnica e apoio à construção de capacidade, bem como a disponibilidade de mecanismos baseados no mercado”.
No entanto, observa que muitas metas de emissões líquidas zero permanecem incertas e adiam para o futuro ações críticas que precisam ocorrer agora.
Financiamento é crucial
E diz respeito também à justiça climática.
Um dos temas das negociações da COP28 é destravar recursos para que países mais vulneráveis – e que contribuíram menos para a crise climática – possam mitigar suas emissões, adaptar suas economias e remediar as perdas e danos causados por enchentes, furacões, secas severas e queimadas, entre outros eventos extremos.
Em uma declaração conjunta com a presidência da COP28 publicada na segunda (13/11), a Comissão Europeia disse que fará uma contribuição financeira “substancial” para um novo fundo internacional destinado a combater a destruição causada pelas mudanças climáticas – mas não especificou valores.
Será o primeiro fundo mundial de “perdas e danos” climáticos, previsto para ser lançado na cúpula de Dubai entre 30 de novembro a 12 de dezembro.
Até agora, nenhum país fez uma promessa financeira específica para o fundo.
Há apenas algumas demonstrações de interesse. O enviado dos EUA para o clima, John Kerry, disse que Washington colocará “milhões de dólares no fundo na COP”, durante o Fórum de Nova Economia da Bloomberg, em Cingapura. As informações são da Reuters.
- Opinião | Antecipando a COP28: veremos avanços substanciais? Contexto macroeconômico e político pode dificultar agenda climática e o direcionamento de recursos, adiando compromissos, escreve Felipe Bittencourt
Busca por acordos em um mundo fragmentado
“A mudança do clima, talvez com dois outros temas, é uma das poucas coisas que realmente são fundamentalmente globais. Não tem como resolver por conta própria. Todo mundo tem que participar para reduzir emissões”, observa Maria Netto, diretora executiva do Instituto Clima a Sociedade (iCS).
À agência epbr, Netto afirma que o mundo precisa de solidariedade e multilateralismo para resolver a crise climática, mas o multilateralismo também está em crise.
“A economia global está em uma situação como nunca esteve. Quando a gente aprovou o Acordo de Paris, na COP21, em 2015, havia muito mais harmonia entre os países, em comparação com o que se tem hoje”.
A conferência deste ano ocorrerá em um país petroleiro e em meio à guerra de Israel, dois pontos que podem adicionar dificuldades nas negociações, por exemplo, para chegar a um compromisso de eliminar combustíveis fósseis – o que não chega a ser uma novidade.
“Não vai haver um acordo fácil a curto prazo, mas é uma COP importante porque é a COP do Global Stocktake (GST), onde os países deviam fazer justamente uma análise de quanto progresso eles fizeram”, destaca.
Como os países não fizeram progressos significativos, a especialista aponta para a dificuldade de criar um ambiente de confiança entre as partes.
“A pergunta é quanto vai haver de maturidade, de dizer: ‘ok, não adianta ficar apontando o dedo’ e entender que há um sentido de urgência, que é necessário aumentar a ambição e assegurar que a gente possa reverter essa situação”.
Para a diretora do iCS, ao assumir a presidência do G20 no próximo ano, o Brasil terá uma oportunidade ímpar de construir pontes, já de olho no legado que pretende deixar na COP30 sediada em Belém, no Pará.
Cobrimos por aqui:
- Emissões de combustíveis fósseis alcançaram recorde em 2023
- G20, combustíveis fósseis e o distante Acordo de Paris
- Ação lenta faz custo de adaptação climática dobrar
- Fluxos de capital para energia aumentam, mas sem alcançar emergentes
- EUA podem ajudar no financiamento de projetos de transição energética do Brasil
Curtas
Títulos verdes
O Tesouro Nacional informou nesta segunda (13/11) que está fazendo sua primeira emissão de título soberano sustentável em dólares no mercado internacional. Segundo o órgão, será realizada a emissão de um benchmark de sete anos, com vencimento em 2031.
Consumo de energia bate recorde com onda de calor
Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), pela primeira vez na história a demanda instantânea de carga passou de 100 GW. Às 14h17, foi atingido o patamar de 100.955 MW. A maior marca anterior era de 97.659 MW, medida em 26 de setembro deste ano.
Hidrogênio verde certificado
A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) anunciou nesta terça (14/11) a emissão dos primeiros Certificados de Hidrogênio do Brasil, assegurando que o insumo produzido pela EDP e por Furnas foi fabricado com energia de fontes renováveis.
A produção de 730 kg de hidrogênio de Furnas foi feita a partir de energia solar e hidráulica na planta de Itumbiara, em Goiás. Já os 295 kg produzidos pela EDP no Complexo Termelétrico do Pecém, em São Gonçalo do Amarante, no Ceará, usaram energia solar para a eletrólise.
Amazon investe em eólica no Brasil
A multinacional de tecnologia anunciou na segunda (13/11) seu primeiro parque eólico em escala no Brasil, com capacidade instalada de 49,5 MW e que deverá gerar 255GWh/ano quando entrar em operação. Localizado no Rio Grande do Norte, no Complexo Eólico do Seridó, o projeto é desenvolvido pela Elera Renováveis.
Etanol 2G
A demanda por etanol de segunda geração (2G), hoje, já é maior do que aquilo que a Raízen consegue atender, disse o presidente da companhia, Ricardo Mussa. O executivo destacou que o produto tem apresentado boas margens e preços, além de opções de contratos de longo prazo, sobretudo quando destinado à produção de combustíveis sustentáveis de aviação (SAF), plásticos e polímeros.
ExxonMobil começa a explorar lítio
Petroleira tem planos de se tornar líder de mercado. A multinacional perfurou o primeiro poço de Smackover, no Arkansas, e afirmou que pretende fornecer lítio para baterias de 1 milhão de veículos elétricos por ano em 2030.
Caminhões elétricos
ABB E-mobility e Scania anunciaram nesta segunda (13) um acordo global para fornecimento de soluções de carregamento rápido de DC para caminhões elétricos. A parceria inclui o Terra 360, um dos carregadores de veículos elétricos tudo-em-um mais rápidos do mundo.
Térmicas fósseis
O Ministério de Minas e Energia apresentou uma proposta para reduzir a inflexibilidade das termelétricas contratadas no ambiente regulado. O objetivo, segundo a pasta, é diminuir os custos e otimizar o uso dessas usinas em cenários de excedentes na oferta de energia no Sistema Interligado Nacional (SIN).
- Agendas da COP
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- Combustíveis fósseis
- Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC)
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