Planos para 2026

Minerais críticos para a transição energética na mira do Porto do Açu

Tensões geopolíticas abrem espaço para aproximação com novos mercados em 2026, dizem executivos

Porto do Açu, na região norte do estado do Rio de Janeiro | Foto: Divulgação Prumo Logística
Porto do Açu, na região norte do estado do Rio de Janeiro | Foto: Divulgação Prumo Logística

RIO — O Porto do Açu, no norte do estado do Rio de Janeiro, está buscando se aproximar da produção de minerais críticos, de olho na movimentação desses produtos com o aumento da demanda para a transição energética

Segundo o CEO do Porto do Açu, Eugenio Figueiredo, há conversas em curso com empresas, associações e governos de regiões produtoras de minerais que estão na área de influência do porto, como Minas Gerais e Goiás, além do Rio de Janeiro e do Espírito Santo. 

“Em Minas, por exemplo, a gente sempre fala do Açu como potencial saída para esses minerais”, disse a jornalistas. 

Um dos diferenciais do empreendimento para atrair essa movimentação é o espaço para expansão disponível, destacou Rogério Zampronha, CEO da Prumo Logística, controladora do porto. 

De acordo com o executivo, há possibilidade de criar áreas dedicadas para esses produtos. Ele cita terras raras e metais, como o cobre, entre as áreas de interesse. 

“O custo logístico em relação ao preço do produto que está sendo carregado é pouco representativo. E a gente, mais do que qualquer outro porto do Brasil, consegue criar estruturas dedicadas para um produto específico, para garantir que não haja contaminação”, disse. 

Hoje, o Porto do Açu já é um dos principais canais de escoamento de concentrado de cobre do país. 

Além disso, o empreendimento tem experiência no segmento de mineração, com um terminal dedicado a minério de ferro, operado pela joint venture Ferroport, uma parceria entre a Anglo American e a Prumo. 

No mês passado, a Prumo anunciou uma negociação com a 3Point2 para a venda de sua participação na Ferroport.

Segundo Zampronha, a decisão está ligada à maturidade das operações do terminal e ao perfil dos controladores da companhia. A Prumo é uma parceria entre o fundo americano EIG e Mubadala Investment Company, fundo soberano dos Emirados Árabes Unidos.

“Foge do perfil desse fundo de capital privado manter esse tipo de ativo em capital”, explicou. 

Expansão de área para combustíveis limpos

Em paralelo, também de olho na transição energética, o Porto do Açu expandiu a área dedicada ao hub de combustíveis limpos. 

A companhia licenciou no ano passado uma área de um milhão de metros quadrados, que já foi totalmente alugada. Agora, está licenciando mais 4,5 milhões de metros quadrados para novos projetos. 

Há contratos vinculantes já assinados para projetos de produção de combustível sustentável de aviação (SAF), e-metanol e bioGNL (gás natural liquefeito produzido a partir de biometano). 

Segundo Zampronha, os empreendimentos estão em fase de engenharia. 

“A gente quer ver a primeira gota de combustível verde saindo no início de 2028”, destacou. 

Novos mercados

Importante terminal de movimentação também de petróleo e grãos, o Porto do Açu está mirando a aproximação com novos mercados para 2026. 

Recentemente, executivos da companhia foram à Índia com o objetivo de estreitar relações e buscar abrir espaço para novos volumes. 

“É uma nova fronteira que se está abrindo. A gente acredita que vai render bons frutos para o Brasil”, disse Zampronha. 

O executivo ressalta que os negócios portuários são impactados pelos fluxos de comércio global,  que estão sentindo os efeitos das tarifas de importação impostas pelos Estados Unidos. 

“Ano que vem vai ser complexo, porque a gente vai ver novos avanços, novos recuos nessa questão tarifária entre Estados Unidos e Brasil, entre Estados Unidos e outros países, e tudo isso influencia no Brasil”, disse. 

Hoje, o Porto do Açu movimenta cerca de 40% do volume de petróleo exportado pelo Brasil. 

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