As fontes renováveis mantiveram a liderança em termos de custo nos mercados globais de energia em 2024, e evitaram centenas de bilhões de dólares em gastos com petróleo, gás e carvão, de acordo com relatório publicado nesta terça (22/7) pela Agência Internacional de Energias Renováveis (Irena, em inglês).
Inovações tecnológicas, cadeias de suprimentos competitivas e economias de escala estão assegurando a competitividade em relação aos combustíveis fósseis: 91% dos novos projetos de geração renovável comissionados no último ano foram mais custo-efetivos do que qualquer alternativa fóssil nova.
O relatório Custos de Geração de Energia Renovável em 2024 mostra que a energia solar fotovoltaica foi, em média, 41% mais barata do que a alternativa fóssil de menor custo, enquanto os projetos de energia eólica onshore foram 53% mais baratos.
A geração eólica onshore permaneceu como a fonte mais acessível de nova eletricidade renovável, a US$ 0,034/kWh, seguida pela solar fotovoltaica a US$ 0,043/kWh, em média.
No ano passado, 582 gigawatts (GW) renováveis foram adicionados, evitando o gasto de US$ 467 bilhões bilhões em combustíveis fósseis.
Brasil em 4º lugar
O Brasil encerrou 2024 como o quarto maior mercado global em adições de capacidade renovável, atrás apenas de China, Estados Unidos e União Europeia.
E manteve posição de destaque nos custos mais baixos do mundo, com energia eólica onshore a US$ 30/MWh — patamar semelhante ao da China — e solar fotovoltaica a US$ 48/MWh.
O avanço dessas fontes tem sido sustentado por contratos de longo prazo (PPAs), com preços fixos, que reduzem riscos financeiros e impulsionam o acesso a capital — embora as hidrelétricas ainda forneçam mais de 50% da eletricidade nacional.
Mercados em turbulência
Mudanças geopolíticas, como tarifas comerciais, e gargalos na cadeia de suprimentos são indicados como riscos que podem elevar temporariamente os custos, especialmente na Europa e América do Norte, que enfrentam desafios estruturais como atrasos em licenciamentos e capacidade limitada da rede.
Já regiões como Ásia, África e América do Sul podem experimentar quedas acentuadas nos custos diante de seu potencial renovável.
“Tensões geopolíticas, tarifas comerciais e restrições no fornecimento de materiais ameaçam desacelerar o ritmo e elevar os custos. Para proteger os ganhos da transição energética, precisamos reforçar a cooperação internacional, garantir cadeias de suprimento abertas e resilientes e criar marcos estáveis de políticas e investimentos — especialmente no Sul Global”, alerta o diretor-geral da Irena, Francesco La Camera.
“A transição para as renováveis é irreversível, mas seu ritmo e sua justiça dependem das escolhas que fazemos hoje”, completa.
Baterias competitivas
O custo dos sistemas de armazenamento de energia por bateria (BESS) caiu 93% desde 2010, atingindo USD 192/kWh para sistemas em escala de utilidade pública em 2024, aponta o relatório.
A Irena atribui a redução à ampliação da produção, melhorias nos materiais e técnicas de produção otimizadas.