Baixo carbono e baixo custo

Mais de 90% dos novos projetos renováveis já são mais baratos que combustíveis fósseis, mostra relatório

Geração eólica onshore permanece como a fonte mais acessível de nova eletricidade renovável, a US$ 0,034/kWh

Fontes de baixa emissão de carbono, como solar, eólica, hidrelétrica e nuclear, devem suprir nova demanda global por eletricidade até 2026. Na imagem: Vista de usina híbrida eólica e solar fotovoltaica, com inúmeras fileiras de módulos fotovoltaicos, em primeiro plano, e aerogeradores, ao fundo, à direita (Foto: Divulgação Voltalia)
Usina híbrida eólica e solar fotovoltaica (Foto: Divulgação Voltalia)

As fontes renováveis mantiveram a liderança em termos de custo nos mercados globais de energia em 2024, e evitaram centenas de bilhões de dólares em gastos com petróleo, gás e carvão, de acordo com relatório publicado nesta terça (22/7) pela Agência Internacional de Energias Renováveis (Irena, em inglês).

Inovações tecnológicas, cadeias de suprimentos competitivas e economias de escala estão assegurando a competitividade em relação aos combustíveis fósseis: 91% dos novos projetos de geração renovável comissionados no último ano foram mais custo-efetivos do que qualquer alternativa fóssil nova.

O relatório Custos de Geração de Energia Renovável em 2024 mostra que a energia solar fotovoltaica foi, em média, 41% mais barata do que a alternativa fóssil de menor custo, enquanto os projetos de energia eólica onshore foram 53% mais baratos.

A geração eólica onshore permaneceu como a fonte mais acessível de nova eletricidade renovável, a US$ 0,034/kWh, seguida pela solar fotovoltaica a US$ 0,043/kWh, em média.

No ano passado, 582 gigawatts (GW) renováveis foram adicionados, evitando o gasto de US$ 467 bilhões bilhões em combustíveis fósseis.

Brasil em 4º lugar

O Brasil encerrou 2024 como o quarto maior mercado global em adições de capacidade renovável, atrás apenas de China, Estados Unidos e União Europeia.

E manteve posição de destaque nos custos mais baixos do mundo, com energia eólica onshore a US$ 30/MWh — patamar semelhante ao da China — e solar fotovoltaica a US$ 48/MWh.

O avanço dessas fontes tem sido sustentado por contratos de longo prazo (PPAs), com preços fixos, que reduzem riscos financeiros e impulsionam o acesso a capital — embora as hidrelétricas ainda forneçam mais de 50% da eletricidade nacional.

Mercados em turbulência

Mudanças geopolíticas, como tarifas comerciais, e gargalos na cadeia de suprimentos são indicados como riscos que podem elevar temporariamente os custos, especialmente na Europa e América do Norte, que enfrentam desafios estruturais como atrasos em licenciamentos e capacidade limitada da rede.

Já regiões como Ásia, África e América do Sul podem experimentar quedas acentuadas nos custos diante de seu potencial renovável.

“Tensões geopolíticas, tarifas comerciais e restrições no fornecimento de materiais ameaçam desacelerar o ritmo e elevar os custos. Para proteger os ganhos da transição energética, precisamos reforçar a cooperação internacional, garantir cadeias de suprimento abertas e resilientes e criar marcos estáveis de políticas e investimentos — especialmente no Sul Global”, alerta o diretor-geral da Irena, Francesco La Camera.

“A transição para as renováveis é irreversível, mas seu ritmo e sua justiça dependem das escolhas que fazemos hoje”, completa.

Baterias competitivas

O custo dos sistemas de armazenamento de energia por bateria (BESS) caiu 93% desde 2010, atingindo USD 192/kWh para sistemas em escala de utilidade pública em 2024, aponta o relatório.

A Irena atribui a redução à ampliação da produção, melhorias nos materiais e técnicas de produção otimizadas.

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