A parcela de energias renováveis com custos mais baixos que os combustíveis fósseis dobrou em 2020.
Relatório divulgado hoje (22) pela Agência Internacional de Energias Renováveis (Irena, em inglês) mostra que 62% da geração total de energia renovável adicionada no ano passado — 162 gigawatts (GW) — teve custos mais baixos do que a opção de combustível fóssil mais barata.
A energia solar concentrada (CSP) reduziu seu custo em 16%, a energia eólica em terra 13%, eólica offshore 9% e a solar fotovoltaica 7%, indica o relatório Custos de Geração de Energias Renováveis em 2020.
O Brasil é um dos destaques, com quedas no custo tanto nos painéis solares — 71% mais baixo em 2020 em relação a 2013 — quanto no gasto total de instalação comercial da solar distribuída, que caiu 55% entre 2017 e 2020.
De acordo com o documento, somente os projetos recém-adicionados de energias renováveis em 2020 permitirão aos países emergentes uma economia de até US$ 156 bilhões durante o seu ciclo de vida.
“Atualmente, as energias renováveis são a fonte de energia mais barata”, afirma o diretor-geral da Irena, Francesco La Camera.
“As energias renováveis apresentam aos países presos ao carvão uma agenda de transição economicamente sedutora, que assegura que irão responder à exigência energética crescente enquanto poupam nos custos, geram postos de trabalho, impulsionam o crescimento ao mesmo tempo em que respondem à ambição em termos climáticos”, comenta.
Para o diretor da Irena, o mundo está em um momento crucial em relação ao carvão.
“No caminho do último compromisso do G7 sobre emissões líquidas zero e interrupção do financiamento global ao carvão, chegou o momento de o G20 e as economias emergentes se equiparem a estas medidas”, defende.
“Não podemos permitir que haja uma via dupla para a transição energética, em que certos países rapidamente aderem ao conceito verde e outros permanecem presos ao sistema baseado em combustíveis fósseis do passado”.
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Redução de custos no setor elétrico
Os projetos de renováveis adicionados em 2020 vão reduzir os custos do setor elétrico em, pelo menos, US$ 6 bilhões de dólares por ano nos países emergentes, em comparação com a adição da mesma quota de geração à base de combustíveis fósseis.
Dois terços dessa economia virão de eólica offshore, seguidos de hidroelétrica e solar fotovoltaica, calcula a agência.
Os anos 2010-2020 assistiram a um aumento significativo na competitividade das tecnologias solar e eólica.
Os 534 GW da capacidade renovável adicionada nos países emergentes desde 2010 a custos mais baixos do que as opções de carvão mais baratas estão reduzindo os custos da eletricidade em cerca de 32 bilhões de dólares todos os anos.
Em dez anos, diz o relatório, o custo da eletricidade proveniente da energia solar fotovoltaica caiu 85% e o da solar concentrada 68%.
Já eólica onshore teve queda de 56%, enquanto a eólica offshore caiu 48%.
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Competitividade para substituir o carvão
Com preços baixos recorde de leilão de 1,1 a 0,3 dólares por kWh atualmente, solar fotovoltaica e eólica onshore superam até mesmo a opção de carvão mais barata, mesmo sem subsídios, em termos de custos.
O relatório da Irena mostra também que as novas energias renováveis batem as centrais de carvão existentes em termos de custos operacionais.
Nos Estados Unidos, por exemplo, 149 GW ou 61% da capacidade total do carvão custam mais do que a nova capacidade das renováveis.
Encerrar e substituir estas centrais por energias renováveis cortaria as despesas em US$ 5,6 bilhões por ano e evitariam a emissão de 32 milhões de toneladas de CO2, reduzindo um terço das emissões do carvão nos EUA.
Segundo a agência, a previsão até 2022 é que os custos globais das energias renováveis caiam ainda mais, com a energia eólica em terra ficando 20-27% mais barata do que a opção mais econômica de carvão.
A tendência de energias renováveis de baixo custo permitirão a eletrificação do transportes e de outros usos finais de energia, como na edificação e na indústria, além de destravar a eletrificação competitiva indireta por hidrogênio verde, prevê a Irena.
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