G20

Lula diz que Brasil tem matriz limpa e que redução das emissões virá da queda do desmatamento

Presidente também cobrou ambição do G20 para antecipar neutralidade climática para 2040

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva durante segundo dia da Cúpula do G20, no MAM, no Rio de Janeiro
O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva durante segundo dia da Cúpula do G20, no MAM, no Rio de Janeiro | Tomaz Silva/Agência Brasil

RIO — O presidente Lula (PT) reforçou em seu discurso na 3ª Sessão da Reunião de Líderes do G20, no Rio, que a maior parte da redução das emissões brasileiras virá da queda do desmatamento, dado que o país já conta com alta participação de fontes renováveis na sua matriz energética. 

“Já temos uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo, com 90% de eletricidade proveniente de fontes renováveis. Somos campeões em biocombustíveis, avançamos na geração eólica e solar e em hidrogênio verde”, disse na manhã de terça-feira (19/11).

Segundo o presidente, o desmatamento ilegal será erradicado até 2030.

Lula também elogiou a aprovação dos Princípios sobre Bioeconomia do G20, mas ressaltou que o esforço será inócuo “se a comunidade internacional não se unir para fazer a sua parte”.

Ao citar a atualização da contribuição nacionalmente determinada (NDC) apresentada pelo Brasil na COP29, no Azerbaijão, na semana passada, Lula também fez um chamado aos países emergentes para que desenhem metas que cubram toda a economia.

A nova meta brasileira prevê uma redução de 59% a 67% nas emissões brasileiras até 2035 em comparação com 2005. Segundo o presidente, a nova NDC abrange “todos os gases de efeito estufa e setores econômicos”. O caminho para a implementação, no entanto, ainda não foi detalhado.

Antecipação do net zero

Já às nações ricas que compõem o G20, propôs a antecipação das metas de neutralidade climática de 2050 para 2040 ou 2045.

“Sem assumir suas responsabilidades históricas, as nações ricas não terão credibilidade para exigir ambição dos demais”, disse.

A próxima rodada de apresentação de NDCs será na COP30, marcada para novembro em Belém do Pará. Os países devem delinear suas ambições até 2035.

Como presidente da cúpula climática, o Brasil tem pedido que as nações apresentem suas atualizações até fevereiro do ano que vem, para dar tempo de analisar o que é preciso para alinhar o mundo ao objetivo de limitar o aquecimento do planeta a 1,5°C, e construir a agenda de negociações de novembro.

Os membros do G20 respondem por cerca de 80% das emissões globais.

COP29 e financiamento

Lula também pediu avanço nas negociações na COP29 sobre novas metas de financiamento, dizendo que a COP30 será a última chance de evitar uma ruptura sem retorno nos sistema climático.

“Não há ambição que se sustente sem meios de implementação. (…) Não podemos adiar para Belém a tarefa de Baku”.

Na visão do presidente, o dinheiro necessário para viabilizar a transição energética e a adaptação em países vulneráveis existe, mas está sendo desviado em conflitos armados.

Ele também criticou que os US$ 100 bilhões prometidos pelas nações ricas para o financiamento climático desses países não foram entregues e, hoje, a conta está na casa dos trilhões de dólares.

Esta é a principal discussão da COP29, que está em andamento em Baku, capital do Azerbaijão, e precisa chegar a um consenso até sexta-feira (22).

Enquanto nações ricas propõem aumentar os US$ 100 bilhões para US$ 200 bilhões e incluir mais doadores entre as partes obrigadas, emergentes calculam que é preciso cerca de US$ 1,3 trilhão em doações e empréstimos a baixas taxas de juros, com as nações ricas assumindo suas responsabilidades históricas.