Inovação e taxação de carbono são os caminhos mais rápidos para transição energética, diz Joe Kaeser

Siemens e a Saudi Aramco vão firmar uma parceria para produzir combustível a partir de hidrogênio verde

Joe Kaeser, President and Chief Executive Officer, Siemens, Germanyrspeaking in the The Global Energy Challenge session at the World Economic Forum Annual Meeting 2020 in Davos-Klosters, Switzerland, 23 January. Congress Centre, Sanada Copyright by World Economic Forum/Walter Duerst
Joe Kaeser, President and Chief Executive Officer, Siemens, Germanyrspeaking in the The Global Energy Challenge session at the World Economic Forum Annual Meeting 2020 in Davos-Klosters, Switzerland, 23 January. Congress Centre, Sanada Copyright by World Economic Forum/Walter Duerst
Joe Kaeser, CEO da Siemens, no Fórum Econômico Mundial Foto: World Economic Forum/Walter Duerst

Embora o futuro do setor de energia será baseado no fornecimento de renováveis, ainda é preciso construir a transição dos combustíveis fósseis que apoiaram o desenvolvimento de muitas nações para a economia de baixo carbono enquanto as nações desenvolvidas precisam comandar o movimento de precificação de emissões de carbono., avalia o CEO da Siemens, Joe Kaeser, que participou do Fórum Econômico Mundial, em Davos.

O executivo avalia que o caminho da transição deve ser trilhado com inovação, o que será apoiado se a emissão de carbono for algo custoso para a economia e se os consumidores forem forçados a mudar seus hábitos. Essa, diz ele, é uma opção considerada por ele muito mais barata do que a substituição de parte tão grande da matriz energética mundial, como o fornecimento de energia pela queima do carvão.

Produção e hidrogênio verde em parceria com a Saudi Aramco

Kaeser anunciou em Davos que a Siemens e a Saudi Aramco vão firmar uma parceria para produzir combustível a partir de hidrogênio verde em um projeto que, segundo o presidente da Siemens, tem a capacidade de reduzir as emissões na produção do combustível entre 40% e 50%.

Garantir a eficiência energética deve ser encarado como metade do caminho a ser trilhando na direção da transição para uma economia de baixo carbono, acredita.

“O que a inovação pode fazer é fascinante. Hoje as plantas de fornecimento de energia a carvão emitem 10 gigatons de gases do efeito estufa. Se você substitui essa usinas por novas plantas que usam a última tecnologia de produção a carvão, você reduz a emissão de 2,5 gigatons de gases, mesmo permanecendo com fornecimento a carvão e apenas usando a inovação”, afirmou.

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Proposta é criticada por ex-secretária da ONU sobre mudanças climáticas

A fala de Kaeser foi criticada por Christiana Figueres, fundadora da ONG Global Optimism e ex-secretária executiva da convenção da ONU sobre Mudança do Clima (UNFCCC). Segundo ela, o mundo precisa reconhecer a gravidade da situação vivida hoje e acordar que novas plantas a base de carvão não devem ser uma opção.

“Certamente até as plantas que são novas e mais eficientes devem ser aposentadas prematuramente”, destacou, ressaltando que a transição energética é um desafio não apenas tecnológico mas também social e econômico pela necessidade de garantir novos postos de trabalho para quem atualmente trabalha na cadeia de produção do carvão, especialmente na Ásia, onde essa fonte de energia é majoritária.

A Índia, usada como exemplo do desafio da redução de emissões a partir da queima de carvão, tem hoje 56% de sua matriz energética baseada nesse combustível, com uma perspectiva de elevação da participação do carvão para até 70% nos próximos anos.

Braço de energia da Siemens envolverá 20% do suprimento de energia do mundo

A Siemens está criando neste ano uma nova empresa de energia dentro do grupo que vai dividir a holding em duas partes. A Siemens Energy vai congregar os projetos do setor que hoje são atendidos pela Siemens, unindo energia convencional e renováveis. A nova companhia nasce com uma receita estimada de  € 27 bilhões e cerca de 88 mil funcionários em todo o mundo. De acordo com a Holding, a Siemens Energy deve se tornar uma companhia independente até setembro, quando deve ter seu capital aberto em bolsa.

A companhia já nasce com uma certeira de pedidos de € 70 bilhões, o que engloba cerca de 20% do suprimento de energia do mundo, hoje provido com sistemas de tecnologias da Siemens.

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