RIO — O governo brasileiro anunciou a seleção de projetos da Acelen, Vale, Fortescue, Atlas Agro e Meteoric – focados em biocombustíveis, hidrogênio verde e minerais críticos – para integrar a recém-lançada Plataforma de Investimentos em Transformação Climática e Ecológica do Brasil (BIP).
A iniciativa, divulgada nesta quarta (23/10), durante a 4ª Reunião de Ministros de Finanças e Presidentes de Bancos Centrais do G20, em Washington, visa atrair investimentos internacionais para projetos de transição energética e descarbonização, alinhados às políticas governamentais.
Desenvolvida em parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a Bloomberg Philanthropies e a Aliança Financeira de Glasgow para o Net Zero (Gfanz), a BIP pretende mobilizar US$ 10,8 bilhões em capital estrangeiro.
Foco na transição energética
Um dos projetos é o da Acelen que pretende investir US$ 3 bilhões em uma planta na Bahia, para produção de 1 bilhão de litros de diesel verde e combustível sustentável para aviação a partir da macaúba — planta nativa do Brasil. A iniciativa já havia sido incluída em 2023 no novo Programa de Aceleração de Crescimento (PAC).
“Fomos criados com o propósito de participar ativamente e acelerar a transição energética global, com um forte foco na integração do agronegócio”, disse Luiz de Mendonça, CEO da Acelen Renewables.
Já a mineradora Vale planeja o desenvolvimento de mega hubs no Brasil que utilizem hidrogênio verde na produção de hot briquetted iron (HBI), matéria-prima para fabricação de aço verde.
A companhia espera captar aproximadamente US$ 2,5 bilhões para a construção desses polos industriais.
“Estamos capacitando nossos parceiros a tornar o hidrogênio verde uma solução viável. Isso garante uma demanda estável por hidrogênio verde, essencial para a produção de aço de baixo carbono”, disse Ludmila Nascimento, diretora de energia e descarbonização da mineradora.
Outro projeto de hidrogênio verde incluído na plataforma é o da Fortescue. A companhia planeja investir US$ 3,5 bilhões em uma planta de hidrogênio verde no Complexo Industrial e Portuário do Pecém, no Ceará.
“A BIP é crucial para avançar a indústria brasileira de hidrogênio verde”, disse Agustin Pichot, diretor de Crescimento da Fortescue.
A primeira planta de fertilizantes verdes a partir de hidrogênio verde em escala industrial no Brasil, da Atlas Agro, também foi escolhida pelo governo para integrar a iniciativa.
A companhia está investindo US$ 1,15 bilhão no projeto, que pretende diminuir a dependência de fertilizantes nitrogenados importados e descarbonizar a agricultura.
“Estamos empolgados e honrados por fazer parte do BIP enquanto construímos uma produção de nitrogênio sustentável em grande escala no Brasil, atendendo aos agricultores locais”, afirmou Knut Karlsen, co-fundador da empresa.
A lista inclui ainda um empreendimento para extração de elementos de terras raras em Poços de Caldas (MG). A iniciativa é da Meteoric Resources, que prevê investimentos de US$ 425 milhões. Terras raras são fundamentais para produção de turbinas eólicas, motores de veículos elétricos, entre outras tecnologias para a energia renovável.
“A Meteoric tem orgulho de fazer parte dessa iniciativa, enquanto buscamos desenvolver uma das maiores e mais sustentáveis instalações de terras-raras do mundo, o Projeto Caldeira, em Poços de Caldas”, disse Marcelo, diretor executivo da Meteoric Resources NL.
Restauração florestal
A Plataforma BIP espera conectar projetos brasileiros a uma vasta rede de investidores e instituições financeiras, com o objetivo de mobilizar capital público e privado.
Além dos projetos voltados para o setor energético, foram selecionados dois projetos de restauração florestal.
A iniciativa Corredores para a Vida, liderada pela Ambipar Environment e pelo IPÊ, que busca US$ 95 milhões para restaurar um dos maiores corredores ecológicos do Brasil na Mata Atlântica, com o objetivo de reconectar áreas fragmentadas em até 6 mil hectares de terras degradadas até 2040.
E a Biomas que espera investir US$ 150 milhões na restauração de 14 mil hectares de vegetação na Amazônia e na Mata Atlântica.