Marco para minerais críticos

G20: Lula defende desenvolvimento econômico a partir de minerais críticos

Presidente destcaou que setor de energia foi responsável por 85% do crescimento total da demanda por esses recursos

O presidente Lula durante a terceira sessão de trabalho do G20. Foto: Ricardo Stuckert / PR
O presidente Lula durante a terceira sessão de trabalho do G20. Foto: Ricardo Stuckert / PR

RIO — Em discurso na cúpula de líderes do G20, na África do Sul, no último domingo (23/11), o presidente Lula defendeu que países detentores de minerais críticos devem ter papel central  na cadeia produtiva que sustenta tanto a transição energética como a Inteligência Artificial (IA).

“Os minerais críticos se tornaram um ativo central para a geopolítica contemporânea”, disse.

Ele lembrou que, em 2024, “o setor de energia foi responsável por 85% do crescimento total da demanda por esses minerais” e que não é possível “honrar o compromisso de triplicar o uso de renováveis sem incluí-los”.

O presidente também alertou para a condição dos países que concentram as maiores reservas desses minerais, mas que historicamente ficaram à margem da industrialização derivada deles. 

“Os países com grande concentração de reservas de minerais não podem ser vistos como meros fornecedores, enquanto seguem à margem da inovação tecnológica”, afirmou.

“Falar sobre minerais críticos também é falar sobre soberania. A soberania não é medida pela quantidade de depósitos naturais, mas pela habilidade de transformar recursos através de políticas que tragam benefícios para a população”.

Governança digital e força de trabalho

A fala do presidente brasileiro conectou temas que se tornaram prioridade no G20 deste ano, como a soberania, governança digital e os impactos da IA na força de trabalho. 

Lula alertou para o risco de que países ricos concentrem não apenas tecnologia, mas também o controle das infraestruturas digitais.

“Quando poucos controlam os algoritmos, os dados e as infraestruturas atreladas aos processos econômicos, a inovação passa a gerar exclusão (…) É fundamental evitar uma nova forma de colonialismo: o digital”, disse.

Segundo ele, é urgente que as maiores economias do mundo aprofundem o debate sobre a governança da IA e que as Nações Unidas sejam o centro dessa discussão.

O presidente destacou a  IA para a África, lançada pela presidência sul-africana do G20, e disse que “o Brasil está pronto a colaborar com esse esforço”.

Declaração final do G20 reforça tese brasileira

A Declaração Final do G20, divulgada ao fim da cúpula, incluiu parte das preocupações expressas pelo presidente brasileiro. 

Entre outros pontos, o documento reconhece que a “demanda por minerais críticos aumentará”. 

Contudo, a declaração destaca que “os benefícios associados aos minerais críticos ainda não foram plenamente alcançados e que os países produtores, especialmente no mundo em desenvolvimento”, que enfrenta desafios de ”subinvestimento, limitada agregação de valor e beneficiamento, falta de tecnologias”. 

Os líderes também anunciaram apoio ao Marco de Minerais Críticos do G20.

Segundo a declaração, se trata de um modelo voluntário e não vinculativo “para garantir que os recursos minerais críticos se tornem um motor de prosperidade”.

“O Marco foi concebido para responder à necessidade urgente de cooperação internacional para assegurar cadeias de valor de minerais críticos que sejam sustentáveis, transparentes, estáveis e resilientes, e que sustentem a industrialização e o desenvolvimento sustentável”.

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