Meio ambiente

Financiamento climático dobra no Brasil e chega a US$ 67,8 bi

Expansão solar elevou os investimentos de US$ 9,5 bilhões, em 2020 e 2021, para US$ 22,4 bilhões, em 2022 e 2023

Sobrevoo na Floresta Nacional de Carajás, em Parauapebas (PA), na Amazônia Oriental (Foto TV Brasil)
Sobrevoo na Floresta Nacional de Carajás, em Parauapebas (PA), na Amazônia Oriental (Foto TV Brasil)

Um relatório lançado nesta semana pelo centro de estudos Climate Policy Initiative (CPI), da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), mostra que os investimentos em ações climáticas no Brasil mais que dobraram desde 2019, alcançando US$ 67,8 bilhões em 2023.

“No Brasil, a mobilização de financiamento climático é crucial para atingir objetivos climáticos e de desenvolvimento do país, promover maior adaptação às mudanças climáticas e redução das vulnerabilidades socioeconômicas”, diz a diretora de pesquisa do CPI/PUC-Rio, Joana Chiavari.

A alta foi impulsionada pelos setores de energia e de Agropecuária, Florestas e Outros Usos da Terra (AFOLU).

No setor energético, a expansão solar elevou os investimentos de US$ 9,5 bilhões, em 2020 e 2021, para US$ 22,4 bilhões, em 2022 e 2023. No caso de AFOLU, o volume quase dobrou, de US$ 14,9 bilhões para US$ 28 bilhões, no mesmo intervalo, com destaque para culturas sustentáveis, agrossilvicultura e pecuária.

Apesar da relevância climática, as florestas receberam só 1% do total. O investimento despencou de US$ 1,5 bilhão em 2019 para US$ 254 milhões em 2023.

“O baixo investimento no setor de florestas revela como o papel delas na agenda do clima ainda é uma oportunidade subaproveitada. Para avançar no combate às mudanças climáticas, as florestas precisam ser compreendidas como ativos centrais”, disse Juliano Assunção, diretor executivo do CPI/PUC-Rio.

As fontes domésticas responderam por 90% do total de investimentos mapeado entre 2019 e 2023. Fontes privadas foram responsáveis por mais de dois terços dos recursos em 2022 e 2023, com destaque para instituições financeiras, domicílios e empresas.

No financiamento público, o governo federal e o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) lideraram, com média de US$ 6,6 bilhões e US$ 7,2 bilhões, respectivamente.

A parcela destinada à mitigação representou 79% do total, enquanto adaptação ficou em 7%, e objetivos duplos somaram 11%. Perdas e danos, embora ainda minoritários, cresceram: de US$ 0,2 bilhão, em 2019, para US$ 2,2 bilhões, em 2023. Em 2024, após a tragédia climática no Rio Grande do Sul, atingiram US$ 8,1 bilhões.

Para o Climate Policy Initiative, o mapeamento cria uma linha de base para monitorar o alinhamento dos investimentos à agenda climática nos próximos anos, em meio à expectativa gerada pelo compromisso anunciado na COP29 de mobilizar US$ 300 bilhões até 2035 — e diante da estimativa de que o mundo precisará de US$ 1,3 trilhão para responder à crise.

Por Rafael Cardoso

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