Diálogos da Transição

Fávaro promete reconciliar agro e clima

Ministro da Agricultura fala na posse em reconstruir pontes e abrir portas para o crescimento sustentável da produção

Carlos Fávaro promete reconciliar agro e clima. Na imagem: transmissão de cargo ao ministro da Agricultura Carlos Fávaro (Foto: Governo Federal)
Transmissão de cargo ao ministro da Agricultura Carlos Fávaro (Foto: Governo Federal)

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Diálogos da Transição

Editada por Nayara Machado
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O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, tomou posse nesta segunda (2/1) afirmando que seu maior desafio será reconstruir pontes com a comunidade internacional e abrir as portas para o crescimento sustentável da produção brasileira.

“O Brasil se tornou pária mundial com desmatamento, desrespeito ao meio ambiente e à condição de produzir com sustentabilidade”, disse durante a cerimônia de transmissão de cargo.

Segundo Fávaro, Meio Ambiente, Desenvolvimento Regional e Agricultura estão “do mesmo lado” e a união facilitará o trabalho.

“O Brasil é esse grande produtor de alimentos porque tem alguns bons ativos como gente vocacionada, máquinas de última geração, terras propícias, sementes, tecnologia, tudo à disposição. Mas de nada valeria todos eles se nós não tivéssemos o principal: clima.

Em 2021, as emissões de gases causadores de efeito estufa causadas por desmatamento no Brasil cresceram 20% em relação a 2020. A Amazônia foi quem mais sofreu e contribuiu para o aumento: 77% das emissões por mudanças de uso da terra vieram do bioma.

 Ao pontuar que a estabilidade climática é diretamente afetada pela precarização do combate ao crime ambiental, Fávaro disse que o país está “matando a galinha dos ovos de ouro” ao colocar produção e preservação ambiental em lados opostos.

E indicou que o país tem entre 30-40 milhões de hectares de áreas degradadas por pastagens que podem ser recuperadas para produção agrícola.

“Vamos nos engajar em um grande programa de crescimento, na ordem de talvez 5% de incremento de área. Em 20 anos, dobraremos a área plantada brasileira sem derrubar uma árvore sequer”.

O projeto tem adesão de Aloizio Mercadante, indicado para presidir o BNDES, e de Geraldo Alckmin, à frente do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.

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Haddad fala em reindustrialização verde

O novo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reforçou nesta segunda que o governo Lula pretende explorar o potencial brasileiro na transição energética e que buscará uma parceria entre investimentos públicos e privados para fomentar o setor.

Em seu discurso de posse, no mesmo dia em que o governo petista prorrogou a desoneração dos combustíveis, Haddad disse ainda que sua equipe não está “para aventuras” e reafirmou o compromisso com a disciplina fiscal e com a reforma tributária.

“O Brasil tem vantagens comparativas inestimáveis na área de transição ecológica. Temos que colocar as empresas públicas e privadas, nossas universidades para pensar um sistema nacional de inovação e tirar proveito disso. Não vamos reinstalar aqui as velhas fábricas poluentes, mas o moderno, o novo, o sustentável”, discursou.

Ele citou, como referência, os esforços do governo Joe Biden, que por meio da Lei de Redução da Inflação, busca posicionar os Estados Unidos na liderança da transição energética. E afirmou que atuará para fomentar e aproveitar o “enorme potencial brasileiro de gerar novas energias, como a eólica, solar, o hidrogênio e a oceânica”. Leia na cobertura de André Ramalho

Departamento de Transição Energética no MME

O governo Lula oficializou nesta segunda (2/1) a criação da Secretaria de Planejamento e Transição Energética, que terá vinculada o Departamento de Transição Energética. O decreto com a nova estrutura do Ministério de Minas e Energia é assinado pelo presidente Lula e ministros Alexandre Silveira (MME) e Esther Dweck (Gestão).

A alocação da agenda de transição no planejamento mantém, de certa forma, a estrutura anterior do MME, mas dá uma sinalização de que o planejamento da matriz terá um olhar para a descarbonização.

Energia solar atinge 23 GW no Brasil

O Brasil ultrapassou a marca de 23 gigawatts (GW) de potência instalada da fonte solar fotovoltaica no final do ano passado. O volume equivale a 11,2 % da matriz elétrica nacional e considera a capacidade de usinas de grande porte e os sistemas de geração distribuída.

Segundo a Absolar, de janeiro até a metade de novembro de 2022, a energia solar cresceu 62,6%, saltando de 14,2 GW para 23 GW. No segundo semestre, o ritmo de crescimento foi de praticamente um GW por mês, o que coloca a fonte na terceira posição da matriz elétrica brasileira.

Eneva passa a integrar ISE da B3

Foi a primeira vez que a companhia respondeu à avaliação para adesão ao Índice de Sustentabilidade Empresarial. A empresa integrada de energia ficou na 40ª colocação entre 70 empresas listadas no ISE.

O índice analisa o compromisso empresarial com a sustentabilidade e dá transparência aos investidores, com implicações, por exemplo, no acesso a financiamentos de menor custo e na liquidez das ações.

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Alemanha volta a doar para o Fundo Amazônia

O BNDES e o banco alemão KfW assinaram em 23 de dezembro de 2022, no Rio de Janeiro, contratos de doação formalizando aportes ao Fundo Amazônia no valor de até 35 milhões de euros.

As negociações foram retomadas em novembro e a divulgação acordada para o início de 2023, com a visita do presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, ao Brasil para a posse de Lula.

A Alemanha, por meio do KfW, é a segunda maior doadora de recursos do Fundo Amazônia, já tendo doado anteriormente 54,9 milhões de euros. Os aportes foram suspensos durante o governo de Jair Bolsonaro, que congelou os fundos destinados à preservação da floresta.

…e revive carvão

A Alemanha aumentou a queima de carvão para energia em 13% em relação ao ano passado e deve aumentar sua dependência do fóssil enquanto luta contra a crise energética causada pela guerra da Rússia.

À custa de suas ambiciosas metas climáticas, a maior economia da Europa está queimando combustível fóssil para eletricidade no ritmo mais rápido em pelo menos seis anos, mostram dados compilados pela Bloomberg.

Na quinta-feira, a concessionária Uniper SE disse que estenderia as operações comerciais de duas de suas usinas movidas a carvão na Alemanha até março de 2024, no máximo, em um esforço para conservar o gás natural nos próximos invernos.

Crédito para caminhões elétricos nos EUA

Os Estados Unidos introduziram ontem (1/1) incentivos para empresas de frete migrarem suas frotas para caminhões elétricos, como parte de um amplo esforço para retirar veículos pesados ​​e poluentes das estradas e bairros.

Os incentivos inéditos, estabelecidos pela Lei de Redução da Inflação (IRA) de Joe Biden, oferecerão créditos fiscais de US$ 7.500 ou US$ 40.000, dependendo do tamanho do veículo elétrico (EV). Empresas de entrega como FedEx e Amazon.com se qualificariam no nível de US$ 7.500 para muitos de seus caminhões elétricos. Reuters