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Faltam US$ 2 tri para transição energética de emergentes

Mais de 30 países estão há oito anos sem investimentos internacionais relevantes em renováveis

Faltam US$ 2 trilhões para transição energética de países emergentes. Na imagem: Fazenda solar Lopburi, na Tailância. País tenta atrair investimentos para gerar energia a partir de fontes renováveis (Foto: ADB)
Fazenda solar Lopburi, na Tailância. País tenta atrair investimentos para gerar energia a partir de fontes renováveis (Foto: ADB)

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Diálogos da Transição

Editada por Nayara Machado
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Relatório da agência das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) alerta que o controle do aumento da temperatura global permanecerá fora de alcance se o mundo não ajudar os países emergentes a fechar uma lacuna de US$ 2 trilhões em investimentos para transição energética.

Publicado esta semana, o documento mostra que países de renda média e baixa enfrentam um déficit de US$ 4 trilhões em investimentos em desenvolvimento sustentável. Os maiores vácuos estão em infraestrutura de energia, água e transporte.

Rebeca Grynspan, secretária-geral da UNCTAD, destaca que em um grupo de mais de 30 países, nenhum registrou um único investimento internacional em geração de energia renovável de tamanho utilitário desde a assinatura do Acordo de Paris em 2015.

E afirma que um “aumento significativo” no apoio material para renováveis nessas economias é “crucial” para que o mundo alcance suas metas climáticas até 2030.

Vale dizer: nesta semana, o mundo registrou o dia mais quente da História, com a temperatura média global atingindo 17,01 ºC na segunda-feira (3/7) – superamos o recorde de agosto de 2016 de 16,92 °C.

No ano passado, o aumento de temperatura da Terra foi de 1,15°C, enquanto os cientistas dizem que não podemos ultrapassar 1,5°C até 2100.

Sem transição justa

Embora o investimento em energias renováveis ​​tenha quase triplicado desde a adoção do Acordo de Paris, as nações mais pobres foram deixadas de fora, diz a agência da ONU.

Em 2022, países de baixa renda receberam US$ 544 bilhões em investimento estrangeiro direto em energia limpa, o que está bem abaixo das necessidades reais.

A Agência Internacional de Energia (IEA, em inglês), por exemplo, calcula que esses investimentos precisam alcançar US$ 2,8 trilhões até 2030 para alinhar o mundo com 1,5°C.

Destravando investimentos

As grandes empresas de energia estão se voltando cada vez mais para as renováveis. O relatório da UNCTAD mostra que a alienação de ativos de combustíveis fósseis, desde 2015, tem ocorrido a uma taxa de cerca de US$ 15 bilhões por ano entre as 100 maiores multinacionais.

No entanto, chama a atenção para um ritmo geral mais lento de investimento em energia renovável em 2022, “à medida que os acordos internacionais de financiamento de projetos diminuíram”.

guerra na Ucrânia e a crise na cadeia de suprimentos contribuíram para o cenário.

O investimento estrangeiro direto (IED) também está em declínio: a queda foi de 22% em 2022, para US$ 1,3 trilhão. Nas economias de baixa renda, a grande maioria na África, os fluxos de IDE caíram até 16%.

Para reverter esse quadro, a ONU pede a implementação de uma série de políticas e mecanismos de financiamento, entre eles, o alívio da dívida.

Há duas semanas, esse tema tomou conta das discussões de uma cúpula financeira organizada pelo presidente francês, Emmanuel Macron, em Paris.

A UNCTAD defende que é preciso fornecer espaço fiscal para os países com menos recursos poderem lidar com os gastos com energia limpa, além de reduzir as classificações de risco dessas nações, um pré-requisito para atrair investimentos privados.

A agência também recomendou a redução do custo de capital para investimentos em energia limpa por meio de parcerias entre investidores internacionais, setor público e instituições financeiras multilaterais.

Essa medida tem potencial de reduzir em até 40% o spread dos custos de empréstimos para projetos de investimento em energia em países emergentes, calcula.

Cobrimos por aqui:

Curtas

Navios net zero

Transporte marítimo adota ambição de emissões líquidas zero até 2050. Estados Membros da Organização Marítima Internacional (IMO) chegaram a um acordo na noite de quinta (6/7). A revisão da estratégia para o setor inclui ainda um compromisso para garantir a absorção de combustíveis alternativos com zero e quase zero GEE até 2030.

Biorrefinarias no Investe Mais Brasil

A Camex publicou, nesta sexta (7/7), as diretrizes para o triênio até 2025 do programa nacional de melhoria do ambiente de investimentos, definindo três pilares para atuação: sustentabilidade, facilitação de investimentos e melhoria nas leis. Neste último, prevê a coordenação da melhoria do ambiente para investimentos em biorrefinarias.

Recordes na geração eólica em julho

Nos quatro primeiros dias do mês, a produção de energia a partir dos ventos registrou índices inéditos, entre eles o montante mais elevado na geração instantânea e média no SIN em 2023, com produção de 19.720 MW, representando 27,8% da demanda de carga nacional.

Segundo o ONS, a geração média de eólica no SIN também alcançou percentual inédito no ano, com 17.110 MW médios, representando 24,3 % da demanda. Até então, o melhor número havia sido alcançado em 15/10/2022, com 16.045 MW médios.

Controle do desmatamento

Após cinco anos consecutivos de alta, a área sob alerta de desmatamento na Amazônia teve queda de 33% no primeiro semestre de 2023, segundo dados divulgados na quinta-feira (6) pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima. Agência Brasil

Artigos da semana

Descarbonização da matriz elétrica brasileira É benéfica a expansão do setor elétrico brasileiro com energia renovável, e a inserção de novas tecnologias de geração e armazenamento, avaliam Luana Gaspar, Rafael Kelman e Lucas Okamura

Gás para Empregar: janela de oportunidade para promover a neoindustrialização Brasil pode reduzir a dependência externa de produtos estratégicos como fertilizantes e produtos químicos, escreve Suzana Borschiver

Setor elétrico está à deriva enquanto mudança climática avança Para garantir energia barata, limpa e segura é preciso aumentar a diversificação das fontes renováveis, escrevem Luiz Eduardo Barata e José Marangon