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Diálogos da Transição
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Publicamos nesta terça (17) uma matéria sobre o perfil das emissões brasileiras de green bonds, os títulos verdes, para financiamento de projetos com a chancela de benefícios ambientais e climáticos.
Analistas apontam que a demanda por projetos é maior do que a oferta por capital – e faltam projetos estruturados no Brasil para captar esses recursos.
O mercado voltou a crescer em 2019, com US$ 1,2 bi em emissões, de acordo com dados da Climate Bonds Initiative (CBI). E as tendências são a busca por recursos no exterior e a diversificação de setores com empreendimentos habilitados para emissão de green bonds.
“Temos uma escassez enorme de projetos. Tivemos várias operações via debênture para o setor de energia solar e eólica. Porém, há vários setores que ainda podemos explorar, como os de bioenergia, água e saneamento, e transportes”, explica Thatyanne Gasparotto, diretora para a América Latina da CBI.
Das 24 emissões catalogadas pela CBI, entre 2015 e 2020, 40% foram para projetos de energia renovável, 30% relacionadas ao uso da terra, seguidos de projetos industriais (7%), resíduos (7%), recursos hídricos (5%), transportes (3%), edificações (2%) e setor de tecnologia (1%).
Uma aposta é o Agro. No segundo semestre, a CBI espera concluir as definições para habilitações de projetos de agricultura, uma forma de estimular, por meio da padronização na formulação de projetos, a maior participação do setor.
“O segmento de bioenergia, em especial o etanol, onde possuímos muita expertise, também poderá ter mais destaque no mercado”, afirma Gasparotto.
Em epbr, Mercado brasileiro de green bonds volta a crescer e movimenta US$ 1,2 bi em 2019
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Outra porta, serão os leilões de concessão promovidos pelo governo. A partir de um acordo assinado como Ministério da Infraestrutura, a CBI está finalizando a análise da ferrovia Ferrogrão, rota projetada para interligar Sinop, no Mato Grosso, a Miritituba, no Pará.
Com leilão previsto para o 4º trimestre deste ano, a Ferrogrão tem uma demanda por investimentos estimada em R$ 16,6 bilhões, para movimentar até 42 milhões de toneladas de grãos na etapa final do projeto.
É uma saída para contornar a redução dos desembolsos do BNDES, estratégia da atual gestão do banco, em um cenário de baixas taxas de juro.
E por mais que as expectativas de crescimento econômico tenham sido atravessadas pela pandemia do coronavírus, títulos verdes estão associados ao financiamiento de projetos de longo prazo e são alternativas de renda fixa, de menor risco para os investidores.
Com a vantagem que os green bonds são aderentes ao títulos já emitidos no mercado de capitais. Se por um lado há uma percepção que faltam estímulos econômicos e até regulatórios para incentivar a elaboração de projetos verdes, por outro, as barreiras hoje são pequenas.
“Os títulos verdes são exatamente idênticos a qualquer outro bond. A única diferença é a destinação dos recursos que está vinculada a projetos sustentáveis, como a redução da emissão de gases poluentes”, explica Bruno Tuca, sócio do escritório Mattos Filho.
Curtas
O diretor da Aneel, Rodrigo Limp, foi nomeado nesta terça-feira (17) secretário de Energia Elétrica do Ministério de Minas e Energia. Limp renunciou ao cargo de diretor de Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A secretaria estava vaga desde outubro do ano passado.
Hélvio Guerra foi indicado para a vaga de Limp. Engenheiro eletricista e doutor em Planejamento Energético pela Unicamp, teve passagem pela Aneel como superintendente de Estudos e Informações Hidrológicas, superintendente de Licitações e Controle de Contratos e Convênios e também comandou a Superintendência de Concessões a Autorizações de Geração.
Correção: na primeira edição desta newsletter, informamos incorretamente que Hélvio Guerra era o atual Superintendente de Fiscalização dos Serviços de Geração da Aneel
O governo criou um Comitê Técnico da Indústria de Baixo Carbono, que será um órgão consultivo para promover a articulação dos órgãos e das entidades, públicas e privadas, para implementar, monitorar e revisar políticas públicas, iniciativas e projetos que estimulem a transição para a economia de baixo carbono no setor industrial. Coordenação por conta do Ministério da Economia.
A Golar Power assinou um protocolo de intenções com o governo de Pernambuco para abrir uma nova rota de fornecimento de gás natural liquefeito (GNL), no porto de Suape. Mais um projeto que envolve a interiorização do gás para regiões sem gasodutos, por meio da caminhões, e com possibilidade de servir de hub para atender outros estados da região, por cabotagem.
Fatih Birol, chefe da Agência Internacional de Energia (AIE), afirmou ao Financial Times que a guerra de preços do petróleo “definitivamente, vai exercer pressão negativa no apetite pela transição a uma energia mais limpa”. Ontem (12), o Brent despencou 11,23% até o fechamento da bolsa londrina, cotado a US$ 30,05.
“Os que acompanham, vão perceber rápido se a ênfase dos governos e empresas na transição perde força quando as condições do mercado ficam mais difíceis”, alertou o executivo. No Valor, Choque do petróleo ameaça energia limpa.
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