Os EUA vão elevar “significativamente” o financiamento de programas de adaptação às mudanças climáticas em países em desenvolvimento, como parte da nova postura em relação ao clima, afirmou o ex-secretário de Estado do país, John Kerry. Isso vai envolver aportes subsidiados e o envolvimento em projetos com governos e iniciativa privada.
Kerry lamentou a ausência dos EUA na luta contra as mudanças climáticas nos últimos quatro anos de gestão do ex-presidente Donald Trump.
“Há três anos, os cientistas nos deram um aviso severo. Eles disseram que temos 12 anos para evitar as piores consequências das mudanças climáticas. Agora temos nove anos restantes e lamento que meu país tenha estado ausente por três desses anos”, disse na abertura da primeira Cúpula das Nações Unidas para Adaptação ao Clima (CAS), realizada nesta segunda (25), na Holanda.
Ex-secretário de Estado, o democrata John Kerry foi escolhido representante especial para o clima, do governo de Joe Biden.
“Estamos orgulhosos de estar de volta. Voltamos com humildade pela ausência dos últimos quatro anos e faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para compensar isso ”.
Kerry destacou que a agenda climática é uma prioridade do governo Biden, lembrando o retorno imediato dos EUA ao Acordo de Paris. O antecessor, Donald Trump, havia abandonado o acordo em 2017.
“Temos agora um presidente que, graças a Deus, lidera, fala a verdade e é dominado por essa questão [do clima]. O presidente Biden sabe que temos que nos mobilizar de forma sem precedentes para enfrentar um desafio que está se acelerando rapidamente ”, disse John Kerry.
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Os EUA vão precisar atuar em três frentes para aumentar a resiliência às mudanças climáticas, segundo John Kerry
- “Vamos aproveitar a inovação dos EUA, dados climáticos e informações para promover uma melhor compreensão e gestão do risco climático, especialmente em países em desenvolvimento”;
- “Aumentaremos significativamente o fluxo de financiamento, incluindo empréstimos subsidiados para iniciativas de adaptação e resiliência [climáticas] e trabalharemos com instituições bilaterais e multilaterais para melhorar a qualidade [desses] programas“;
- “Trabalharemos com o setor privado nos Estados Unidos e em outros países em desenvolvimento para promover uma maior colaboração entre as empresas e as comunidades das quais elas dependem”;
Segundo ele, com as emissões atuais, o mundo está caminhando para um aquecimento global de 3,7 a 4,5 ° C, isto é, longe da meta estipulada no Acordo de Paris de 1,5 ° C até 2050.
Uma das inciativas previstas pela gestão Biden é investir US$ 2 trilhões em projetos de energia limpa nos setores de infraestrutura, transporte e construção. O objetivo é que nos próximos quatro anos, esses investimentos ajudem o país a zerar as emissões na geração de energia nos próximos 15 anos.
“É mais barato investir na prevenção de danos, ou pelo menos minimizá-los, do que limpá-los”, afirmou Kerry, ao lembrar que os EUA em apenas um ano gastaram US$ 265 bilhões para consertar danos causados por três tempestades originadas por mudanças climáticas.
Líderes globais destacam necessidade de colaboração
Também presente na abertura da Cúpula, o vice-premier da China, Han Zheng, destacou a importância da cooperação entre os países para o alcance das metas do Acordo de Paris e apostar no multilateralismo. E lembrou do compromisso do país asiático em neutralizar suas emissões de carbono antes de 2060.
“Devemos melhorar a adaptação com esforços redobrados. Todos os países, à luz de suas condições nacionais, formulam e implementam seus próprios planos de adaptação, ampliam o escopo de ações, e melhoram sua eficácia e durabilidade para promover o desenvolvimento sustentável (…) Devemos estar em sinergia, trabalhando uns com os outros de boa fé”, afirmou Zheng.
Angela Merkel, chanceler da Alemanha, também defendeu iniciativas multilaterais, disponibilizando 270 milhões de euros para proteção de pessoas e países mais pobres e vulneráveis atingidos pelas mudança climáticas.
“Eu acredito firmemente que trabalhando juntos podemos ter sucesso na mitigação dos impactos”, afirmou a chanceler.
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Sem citar diretamente a Amazônia, o presidente francês, Emmanuel Macron, falou da importância da Aliança para Preservação de Florestas Tropicais, para proteção do que ele chamou de “o pulmão verde da Terra”, e de atividades agrícolas sustentáveis como a agroecologia.
Recentemente, Macron afirmou que “continuar dependendo da soja brasileira é endossar o desmatamento da Amazônia”.
Participaram ainda da abertura do evento, os primeiros ministros do Reino Unido, Boris Johnson, do Canadá, Justin Trudeau, e da Holanda, Mark Rutte.
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