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Diálogos da Transição
APRESENTADA POR
Editada por Nayara Machado
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Relatório publicado no início deste mês pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e pela Aliança Global para Edifícios e Construção (GlobalABC) descobriu que as emissões globais da indústria de construção cresceram 1% em 2022, mesmo com uma melhora de 3,5% na intensidade energética do setor.
O volume de gases de efeito estufa lançados na atmosfera foi equivalente a 10 milhões de carros a mais circulando ao redor do mundo.
Atualmente, a demanda energética e as emissões do setor de construção e edificações respondem por mais de um quinto das emissões globais.
De acordo com o levantamento (.pdf), em 2022, o setor consumiu 132 exajoules, mais de um terço da demanda global de energia, e emitiu pouco menos de 10 bilhões de toneladas (Gt) de CO2.
Para a diretora executiva do Pnuma, Inger Andersen, sem uma mudança radical na indústria de construção, não há caminho crível para lidar com a mudança climática.
“Metade dos edifícios que existirão até 2050 ainda não foram construídos. Esta é uma grande oportunidade para o setor reimaginar os edifícios do futuro – edifícios que priorizem a resiliência, renovação e reutilização, geração de energia renovável e construção de baixo carbono, tudo isso enquanto aborda as desigualdades sociais”, defende.
Andersen aponta que governos e indústrias precisam colocar em prática as promessas da COP28 e entregar reduções reais de emissões.
Mais renováveis
Na economia geral, cortar emissões suficientes para limitar o aquecimento do planeta a 1,5°C até o fim do século demanda triplicar a capacidade de energia renovável e dobrar a taxa média anual de melhorias na eficiência energética até 2030.
Para a construção, significa ter que reduzir sua intensidade energética em 37% em relação aos níveis de 2015 até 2030. Em 2022, apesar da redução modesta, esta intensidade ficou 15% acima da trajetória alvo.
“Em 2022, a participação de energias renováveis no consumo final de energia de edifícios foi de apenas 6%, significativamente aquém do progresso necessário para alcançar a meta de 18% até 2030. O investimento acumulado em eficiência energética e edifícios de alto desempenho deveria ter sido 40% maior, totalizando US$ 2,7 trilhões”, aponta o relatório.
Mais investimentos
A descarbonização de edifícios mobilizou US$ 285 bilhões em 2022, um aumento de 14% em relação ao ano anterior, graças à resposta dos Estados Unidos e da Europa à insegurança energética.
No entanto, o Pnuma observa que a cifra ficou aquém das metas de emissão zero para 2030 e 2050, e os investimentos provavelmente diminuíram em 2023 para US$ 270 bilhões.
“Um dos principais motivos para a diminuição da intensidade energética por metro quadrado no ano passado é a existência de 81 países com códigos de energia para edifícios. Ao mesmo tempo, 2,4 bilhões de metros quadrados de área útil – uma área equivalente ao estoque inteiro de edifícios da Espanha – foram adicionados em 2022 em países sem nenhum código de energia para edifícios”, explica.
Segundo a agência da ONU, 80% do crescimento da área útil esperado até 2030 deve ocorrer em países de baixa renda que carecem de códigos de construção rigorosos.
Cobrimos por aqui:
- Indústria verde busca visibilidade em políticas de transição
- Fábrica de materiais de construção da Quartzolit será totalmente abastecida por biometano
- Votorantim quer produzir concreto neutro em carbono até 2050
- Governo quer retomar compra de energia solar no MCMV
- G7 lança clube do clima e pode padronizar commodities verdes
Curtas
Chamada para siderurgia e cimento verdes
O governo da Alemanha abriu a chamada pública que vai destinar até R$ 136 milhões (25 milhões de euros) para projetos de descarbonização da indústria siderúrgica e de cimento no Brasil. Empresas do mundo todo podem apresentar projetos até 28 de maio.
Cadeia de valor mineral
Ministério de Minas e Energia (MME) e Ministério da Economia e Ação Climática da Alemanha assinaram, na sexta-feira (8/3), uma declaração conjunta de intenções para cooperação nas áreas de extração e beneficiamento de recursos minerais e da economia circular. De acordo com o ministro Alexandre Silveira, a intenção é a troca de experiências e tecnologias para alavancar toda a cadeia mineral: da extração ao processamento.
Hidrogênio de biomassa
Parceria entre a Âmbar Energia, do grupo J&F, e o Centro de Estudos de Energia e Petróleo (Cepetro), vinculado à Unicamp, quer explorar a viabilidade de aplicação do hidrogênio produzido a partir de biomassa na geração elétrica. O plano é aproveitar os resíduos orgânicos da JBS como matéria-prima para fornecer biogás, que será reformado para obtenção de hidrogênio renovável. O energético irá, então, abastecer células a combustível para geração de eletricidade.
Equinor inaugura 6ª maior usina solar do Brasil
Com 531 MW de capacidade instalada, Mendubim, no Rio Grande do Norte, produzirá anualmente 1,2 TWh de eletricidade, dos quais 60% já estão vendidos, em um acordo de compra de energia (PPA) com duração de 20 anos, para a Alunorte, da Norsk Hydro, no Pará. O restante será vendido no mercado livre.
Favelas no G20
O Voz das Comunidades, instituição não governamental com viés jornalístico comandada por moradores de favelas, quer reunir 20 favelas do Rio no F20 para levar as questões que envolvem as comunidades da cidade às discussões do G20, que este ano é presidido pelo Brasil. A previsão é que as discussões do projeto comecem a partir de maio, em agendas paralelas às do G20.
Desmatamento
Alertas de desmatamento na Amazônia tiveram redução de 29,7% em fevereiro, na comparação com igual mês de 2023, de acordo com o Inpe. No ano passado, 321,9 km² de floresta foram perdidos no mês, índice que caiu para 226,2 km² em 2024. Mesmo com a queda, o índice é o segundo mais alto para o mês na série histórica do sistema Deter. Já no Cerrado, em relação a fevereiro de 2023, o aumento nos alertas de desmatamento foi de 19% no mês passado, chegando a 656 km².
Mentoria de mulheres do agro
O Programa de Mentoria Mulheres na Alimentação e Agronegócio está com as inscrições abertas para a edição de 2024. Podem concorrer às vagas mulheres que atuam no setor agroalimentar em todo o mundo. Em seu quarto ano, o programa gratuito fornece oportunidades de mentoria e apoio para profissionais que buscam orientação, aconselhamento e possibilidades de networking em suas carreiras.
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