Compromisso Global do Metano

Emissões de metano devem aumentar até 2030

Emissões de metano estão previstas para aumentar nos próximos cinco anos, na contramão de compromisso global

Conteúdo Especial

EUA propõem taxa para emissões de metano da indústria de óleo e gás direcionada a grandes instalações que reportam emissões superiores a 25 mil toneladas de CO2e por ano. Na imagem: Refinaria com flare aberto para queima do metano (Foto: Aggreko)
Refinaria com flare aberto para queima do metano (Foto: Aggreko)

BELÉM — As emissões globais de metano — gás de efeito estufa 80 vezes mais potente que o CO2 no aquecimento global a curto prazo — estão previstas para continuar crescendo nos próximos cinco anos, na contramão de um compromisso firmado há quatro anos na COP26.

As perspectivas são do relatório Global Methane Status publicado na segunda (17/11) pelo Programa da Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). A agência alerta que as escolhas feitas nos próximos cinco anos determinarão se o mundo será capaz de garantir um clima mais seguro para as gerações futuras.

De acordo com o relatório produzido em parceria com a Coalizão para o Clima e o Ar Limpo (CCAC), somente a implementação em larga escala de medidas de controle comprovadas e disponíveis será suficiente para atingir a meta do Compromisso Global de Metano de reduzir as emissões em 30% em relação aos níveis de 2020 até 2030.

Há uma ligeira melhora no cenário: embora as emissões ainda estejam aumentando, as projeções para 2030, considerando as legislações atuais, já são menores do que as previsões anteriores.

O Pnuma atribui essa melhora a uma combinação de políticas nacionais, regulamentações setoriais e mudanças de mercado. 

Novas regulamentações sobre resíduos na Europa e na América do Norte, além de um crescimento mais lento nos mercados de gás natural entre 2020 e 2024, reduziram os níveis projetados atualmente e devem diminuir ainda mais até 2030, em comparação com as estimativas de 2021.

O documento foi apresentado na última semana da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), quando líderes de mais de 190 países se reúnem em Belém (PA) para decisões sobre a implementação de acordos assumidos em COPs anteriores.

Durante reunião Ministerial do Compromisso Global do Metano com ministros dos 159 países que participam da iniciativa, houve reconhecimento de que as tecnologias para atingir a meta estão disponíveis, mas é preciso maior engajamento nos setores de energia, agricultura e resíduos. 

Os ministros também solicitaram maior transparência dos países em relação às ambições e ações para monitorar o progresso.

“Em apenas quatro anos, fizemos melhorias, mas precisamos continuar a impulsionar reduções mais rápidas e profundas nas emissões de metano”, comentou a ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas do Canadá e co-coordenadora do Compromisso Global de Metano, Julie Dabrusin.

Maior potencial no G20+

O relatório aponta que 72% do potencial global de mitigação do metano está nos países do G20+, onde as emissões poderiam cair 36% até 2030 em comparação com os níveis de 2020.

A mitigação precisa ocorrer nos setores da agricultura, resíduos e combustíveis fósseis.

Mensuração, relatórios e financiamento mais robustos também são essenciais para acompanhar o progresso, identificar as principais fontes e reduzir a lacuna de investimento.

As Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) e os Planos Nacionais de Ação para o Metano, submetidos até meados de 2025, poderiam se traduzir em uma redução de 8% até 2030 em relação aos níveis de 2020. 

Se totalmente implementados, esse seria o maior e mais sustentado declínio nas emissões de metano da história.

Custo x benefício

O custo não é uma barreira para o corte de emissões, já que mais de 80% do potencial de redução para 2030 pode ser alcançado a baixo custo. 

Segundo o Pnuma, as soluções estão prontas e são economicamente viáveis, como programas de detecção e reparo de vazamentos, selamento de poços abandonados no setor de petróleo e gás e separação e tratamento de resíduos, entre outros.

As medidas no setor de energia oferecem 72% do potencial total de mitigação, sendo que todas as medidas de mitigação do uso de combustíveis fósseis poderiam ser implementadas com apenas 2% da receita do setor em 2023.

Além disso, os benefícios superam os investimentos em mitigação.

O estudo estima que a implementação completa dessas reduções tecnicamente viáveis ​​em nível global poderia evitar mais de 180 mil mortes prematuras e 19 milhões de toneladas de perdas de colheitas por ano até 2030.

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