Emissões de CO2 relacionadas à energia caminham para o segundo maior aumento de todos os tempos, diz IEA

Demanda global de carvão em 2021 deve ultrapassar os níveis de 2019 e se aproximar do pico de 2014, impulsionando emissões

Emissões de CO2 relacionadas à energia caminham para o segundo maior aumento de todos os tempos, diz IEA
Imagem de digifly840 por Pixabay

As emissões globais de dióxido de carbono relacionadas à energia estão caminhando para o segundo maior aumento anual de todos os tempos, impulsionadas pelo crescimento da demanda de combustíveis fósseis, em especial o carvão.

De acordo com o Global Energy Review 2021 da Agência Internacional de Energia (IEA, sigla em inglês), a demanda global de carvão em 2021 deve ultrapassar os níveis de 2019 e se aproximar do pico de 2014.

“As campanhas de vacinação nas principais economias mundiais e as respostas fiscais à crise econômica estão impulsionando as perspectivas de crescimento e levando a uma recuperação na demanda de energia em 2021”, explica o relatório.

A expectativa é que a demanda global de energia cresça 4,6% em 2021, puxada pelos mercados emergentes, compensando a contração de 4% em 2020. O valor deve ficar também 0,5% acima dos níveis de 2019 – pré-pandemia.

Quase 70% do aumento projetado ocorre em mercados emergentes e economias em desenvolvimento, onde deverá ficar 3,4% acima dos níveis de 2019.

O uso de energia em economias avançadas deve ficar 3% abaixo dos níveis anteriores à pandemia.

 “A demanda por todos os combustíveis fósseis deve crescer significativamente em 2021”, alerta a agência.

O carvão sozinho deve avançar 60% a mais do que todas as energias renováveis ​​combinadas, com mais de 80% do crescimento concentrado na Ásia, sustentando um aumento nas emissões de quase 5%, ou 1,5 bilhão de toneladas de CO2.

A China deve responder por mais de 50% do crescimento global.

Segundo a IEA, esse aumento reverteria 80% da queda observada em 2020, com as emissões ficando apenas 1,2% abaixo dos níveis de 2019.

“A demanda por carvão nos Estados Unidos e na União Europeia também está se recuperando, mas ainda deve permanecer bem abaixo dos níveis anteriores à crise. O setor de energia foi responsável por apenas 50% da queda nas emissões relacionadas ao carvão em 2020. Mas o rápido aumento na geração a carvão na Ásia significa que o setor de energia deve responder por 80% da recuperação em 2021”, estima o relatório.

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Petróleo abaixo dos níveis de 2019

Apesar de um aumento anual esperado de 6,2% em 2021, a demanda global de petróleo deve permanecer cerca de 3% abaixo dos níveis de 2019.

Os analistas não veem o uso de óleo para transporte rodoviário recuperando os níveis anteriores à covid-19 até o final do ano.

Na aviação, o uso de combustível de petróleo deve permanecer 20% abaixo dos níveis de 2019, com demanda anual mais de 30% menor do que em 2019.

“Um retorno total aos níveis de demanda de petróleo pré-crise teria aumentado as emissões de CO2 em mais 1,5%, colocando-as bem acima dos níveis de 2019”, avalia a IEA.

Já o gás natural deve crescer 3,2% em 2021, impulsionada pelo aumento da demanda na Ásia, Oriente Médio e Rússia, colocando a demanda global mais de 1% acima dos níveis de 2019.

Quase três quartos do crescimento da demanda global em 2021 serão na indústria e na construção, enquanto a geração de eletricidade a partir do gás natural tende a permanecer abaixo dos níveis de 2019.

Renováveis ​​devem fornecer mais da metade da eletricidade

Com a demanda de eletricidade caminhando para o seu crescimento mais rápido em uma década, a IEA vê as energias renováveis ​​ fornecendo mais da metade dessa demanda em 2021.

O crescimento das renováveis em 2020 foi de 3% e a expectativa é de aumento em todos os setores-chave – energia, aquecimento, indústria e transporte – em 2021.

A participação das energias renováveis ​​na geração de eletricidade está projetada para aumentar para quase 30% em 2021, ante 27% em 2019, com solar fotovoltaica (18%) e eólica (17%) contribuindo com dois terços desse crescimento.

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