O presidente da Total, Patrick Pouyanné, criticou nesta quarta (22) a proposta de restringir o uso de combustíveis fósseis como uma opção para combater as mudanças climáticas. No Fórum Econômico Mundial de Davos, Pouyanné afirmou que a abordagem contra esses combustíveis é “um debate errado” e que não agrega nada ao “verdadeiro” dilema: como produzir energia com menos emissão de gases do efeito estufa.
“A ideia de que é possível eliminar óleo e gás é uma abordagem errada. Em 2050, ainda teremos algo de óleo e gás no mix de energia”, afirmou.
“É claro que todos queremos ter emissões neutralizadas – o que quer dizer que precisamos desenvolver tecnologias de captura de carbono –, mas acho que esse é uma forma errada de colocar o debate. É preciso haver menos emissões, mas nossa primeira missão é trazer energia para as pessoas do planeta”.
Transição energética demandará US$ 700 trilhões – e tempo
Questionado se as tecnologias de captura de carbono ainda são subestimadas em seu potencial para conter emissões, Pouyanné afirmou que esse recurso será essencial no combate ao aquecimento global, numa perspectiva realistas quanto à dificuldade que representa a transição para uma economia de baixo carbono. Até lá, afirma, as tecnologias de captura de carbono serão necessárias.
“Carvão ainda representa 27% da matriz energética do planeta. Nessa transição, precisaremos de US$ 700 trilhões de dólares. Isso levará tempo”, afirmou. “Precisamos agir mas também precisamos ser pragmáticos”.
Citando o relatório da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) sobre o futuro da indústria de óleo e gás, que foi divulgado em Davos, o presidente da Total frisou que as empresas do setor “são todas parte da solução” para colocar o mundo no caminho da transição energética.
O documento, que afirma que o setor ainda não faz o suficiente para promover a redução de emissões – mesmo crescentes, os investimentos da indústria de óleo e gás em fontes de baixo carbono representam 1% do orçamento das empresas – indica que tecnologias como a implantação de usinas eólicas offshore e captura de carbono podem ser impulsionadas pelo setor, mas precisam de aportes maiores.
“Precisamos estar engajados”, disse, citando o presidente da agência, Fatih Birol, “mas precisamos pensar nisso em termos econômicos e somos uma parte forte da solução. O desafio do clima não é uma questão de antagonizar o mundo das finanças com as companhias internacionais de óleo e gás, mas sim uma incrível oportunidade de criarmos um novo mundo se trabalharmos todos juntos”, frisou Pouyanné.
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A Total aplica, anualmente, mais de 10% de seus investimentos em projetos de geração de eletricidade de baixo teor de emissões de carbono. De acordo com o executivo, são mais de US$ 2 bilhões por ano nesses projetos sobre um total de US$ 16 bi a US$ 17 bi de investimento anual total.
O executivo ainda elencou investimentos da Total com foco na transição energética. Ele lembrou que a companhia anunciou nesta semana um investimento de US$ 500 milhões na implantação de uma usina solar com capacidade de geração de 800 MW no Catar.
“Isso representa quase 10% da demanda de energia do país e é um compromisso da minha companhia”. A total também anunciou instalação de até 20 mil pontos de abastecimento de veículos elétricos na Holanda.
Por último, Pouyanné também lembrou que a Total aprovou recentemente seu primeiro projeto focado no plantio de árvores para ajudar a neutralizar emissões. Serão US$ 1 bilhão em dez anos – algo equivalente a US$ 7 por tonelada de carbono neutralizado – no projeto de reflorestamento localizado no Peru e que deve envolver entre um e dois milhões de árvores.
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