Clima

Eficiência energética nas indústrias alinha as metas climáticas com aumento da produtividade 

Eficiência energética pode ajudar as indústrias brasileiras a reduzir as emissões de gases de efeito estufa e economizar energia

Trabalhador dobra chapa de aço em indústria siderúrgica (Foto Michal Jarmoluk_Pixabay)
(Foto: Michal Jarmoluk/Pixabay)

O Brasil retomou suas metas iniciais de redução da emissão de gases de efeito estufa (GEE) em sua NDC (Contribuição Nacionalmente Determinada) no Acordo de Paris: 48% até 2025 e 53% até 2030, em comparação com os níveis de 2005.

São metas que precisam ser buscadas por todas as atividades econômicas, e um dos caminhos viáveis para alcançá-las é por meio da eficiência energética (EE), que reduz o consumo de energia e mitiga emissões por itens produzido na indústria. 

Enquanto grandes empresas já implementam programas de eficiência energética, pequenas e médias empresas (PMEs) enfrentam desafios como falta de recursos e conhecimento técnico.

No Brasil, a indústria consome 32% da energia e responde por 18,3% das emissões de GEE da matriz energética, segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Cerca de 80% dessa energia é térmica, gerando altas emissões de CO2 devido à queima de combustíveis fósseis. 

De acordo com o Observatório do Clima, que propôs ações e metas para o enfrentamento das mudanças climáticas por meio do NDC, na produção industrial é importante investir na transição energética.

O Observatório ressalta o aumento do uso de eletricidade, biomassas sustentáveis e combustíveis de emissões zero, como o hidrogênio. Segundo essa proposta, o Brasil deverá reduzir sua participação no uso de petróleo, carvão mineral, gás natural e derivados na matriz energética industrial de 36% em 2022 para 14% em 2035.  
 
Por exemplo, bombas de calor de alta temperatura utilizadas em ambientes industriais podem ser de 3 a 4 vezes mais eficientes do que caldeiras a gás tradicionais, dependendo das condições específicas de uso. Isso significa que, para cada unidade de eletricidade consumida, a bomba de calor pode gerar de 3 a 4 unidades de calor.

Se os custos de energia forem um componente importante nos custos de produção, isso pode resultar em uma redução de 20% nos custos totais, dependendo da intensidade energética da fábrica. Existem diversas soluções e tecnologias de eficiência energética disponíveis para alcançar esse tipo de ganho em produtividade. 

O programa PotencializEE tem o intuito de promover a eficiência energética em PMEs, com foco atual no estado de São Paulo, garantindo às empresas suporte técnico e acesso ao crédito, um dos principais entraves para a modernização tecnológica das empresas. 

Em parceria com o SENAI SP, o programa realiza diagnósticos energéticos para apoiar as PMEs na transição, identificando as melhores medidas por meio de retrofit de máquinas, instalação de novas tecnologias e troca de fontes de energia, como uso de biomassa sustentável ou eletrificação de processos industriais.  

O acesso ao crédito torna viáveis investimentos que antes pareciam fora de alcance para as PMEs. 

Por meio da Finep, as empresas conseguem empréstimos com taxas de juros entre 5% e 7% ao ano — abaixo da taxa Selic e menos da metade das praticadas por bancos comerciais.

Isso significa que projetos de eficiência energética podem ser implementados com custos financeiros menores. 

Além disso, o fundo garantidor do governo do estado de São Paulo, gerido pela Desenvolve SP, reduz as exigências de garantias, eliminando mais um obstáculo para o financiamento.
 
Deste modo, investir em eficiência energética permite que PMEs industriais reduzam custos operacionais, aumentem sua competitividade e contribuam para as metas de descarbonização do Brasil.

Cada indústria que adere ao programa torna-se mais produtiva e se destaca nos mercados nacional e internacional como uma empresa sustentável. 

Marco Schiewe é diretor do PotencializEE