Entre agosto de 2020 e julho de 2021, a Amazônia teve 8.712 km² de floresta desmatada, segundo dados divulgados na sexta (6) pelo sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
É o segundo pior resultado da série que iniciou em 2015, ficando atrás somente do período anterior (2019-2020), quando mais de nove mil quilômetros de floresta foram derrubados.
Apesar dos números atuais representarem uma queda no desmatamento de 5% em relação ao período passado, o resultado está longe dos 12% de redução prometidos pelo vice-presidente, general Hamilton Mourão, que também preside o Conselho Nacional da Amazônia Legal.
A meta foi anunciada pelo general no início de julho, ao comunicar o envio de cerca de três mil militares das Forças Armadas para atuar em ações de apoio e combate ao desmatamento na região amazônica, na Operação Samaúma.
“Até as árvores mortas da Amazônia sabem que nenhum número que o governo ponha na mesa tem credibilidade, já que falta ao Brasil o essencial: uma política de controle do desmatamento. Ao contrário, há dois anos e meio o regime de Jair Bolsonaro se dedica a desmontar a governança ambiental e a ativamente estimular o crime”, criticou o Observatório do Clima em nota à imprensa.
Os dados consolidados de desmatamento, do sistema Prodes, serão divulgados apenas no fim do ano, mas segundo o Observatório, os alertas do Deter da última semana ajudam a projetar o tamanho do problema.
“O resultado indica que o desmatamento anual deverá, pela terceira vez, ficar próximo de 10 mil km², o que não ocorria desde 2008”, afirma e entidade.
Segundo informe do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), com o aquecimento global superior da 1,5 graus em 2030, a Amazônia pode virar uma floresta seca.
“A floresta amazônica como um repositório de biodiversidade está ameaçada pela relação entre as mudanças no uso da terra e as mudanças climáticas, que poderia levar a uma transformação ecológica em larga escala e a mudanças biológicas a partir de um floresta úmida em floresta seca e pastagens, reduzindo a produtividade e o armazenamento de carbono”, alerta o IPCC.
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Desafios para a COP26
A poucos meses da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP26) que acontece em novembro, em Glasgow, Reino Unido, o Brasil ainda precisa montar um pacote de medidas mostrando como pretende alcançar as metas que assumiu em abril na Cúpula do Clima.
Na ocasião, o Brasil se comprometeu a zerar as suas emissões de CO2 até 2050 e o desmatamento ilegal até 2030.
O desmatamento é responsável por cerca de 45% das emissões nacionais de gases de efeito estufa.
Na última quinta (5), uma comitiva da Casa Branca, liderada por Jake Sullivan, conselheiro de Segurança Nacional de Joe Biden, se reuniu com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e governadores de alguns estados da Amazônia Legal, como Helder Barbalho (Pará), Marcos Rocha (Rondônia), Waldez Goes (Amapá) e Wilson Lima (Amazonas).
Segundo O Globo, os americanos queriam conferir se as promessas feitas por Bolsonaro durante a cúpula sobre o clima são compromissos reais.
“Foi uma reunião longa, em que o conselheiro fez questão de ouvir e demonstrar toda intenção de levar ao presidente Biden o retrato da realidade dos estados e, consequentemente, buscar fazer o dever de casa daquilo que o governo americano possa, seja diretamente, seja articulando com empresas americanas, fomentar, financiar, potencializar as ações que estão sendo planejadas por nós”, disse o govenador do Pará, Helder Barbalho.
O Pará está entre os quatro estados brasileiros — ao lado de Pernambuco, Minas Gerais e São Paulo — que anunciaram compromissos climáticos para ajudar o Brasil a alcançar as metas de descarbonização pactuadas no Acordo de Paris.
Os anúncios aconteceram durante o evento Fechando o Ciclo de Ambição com a Corrida ao Zero no Brasil, convocado pelo presidente designado da COP26, Alok Sharma, em sua primeira visita ao país.
“Se vocês continuarem distribuindo essa mensagem no Brasil e dizendo ao seu governo por que estão dentro desse barco, por que isso é bom para a economia e por que é bom para o emprego, essa mensagem vai passar”, disse Alok Sharma.
Além dos estados, doze cidades e mais de cem empresas assinaram o compromisso com a campanha Race to Zero no Brasil.
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