BRASÍLIA – A troika formada por Emirados Árabes Unidos, Azerbaijão e Brasil – sedes das COP28, COP29 e COP30, respectivamente – defendeu “fortemente”, nesta quinta (21/3), que os países que ratificaram o Acordo de Paris, em 2015, submetam antecipadamente “NDCs de alta ambição”.
Em carta, os três anfitriões também se comprometem a submeter suas contribuições nacionalmente determinadas (NDCs, em inglês) alinhadas com 1,5°C, guiadas pelo Consenso dos Emirados Árabes Unidos, até o início de 2025.
Em dezembro do ano passado, durante a COP28, em Dubai, países concordaram pela primeira vez com uma transição para longe dos combustíveis fósseis e com a meta de triplicar as adições de capacidade renovável até 2030. Ou seja, a atualização das NDCs precisará refletir esses compromissos.
No início desta semana, a Agência Internacional de Energias Renováveis (Irena, em inglês) publicou um balanço das ações climáticas em países ricos e pobres e mostrou que há uma lacuna enorme de investimentos entre eles.
Se esse padrão se mantiver, a agência aponta baixa probabilidade de o mundo conseguir instalar os 7,2 TW de energia renovável que faltam até 2030.
Ambição e financiamento para transição justa
Entre hoje e sexta-feira (21 e 22/3), cerca de 30 ministros de Estado participam da reunião ministerial de clima de Copenhagen, o primeiro evento político de alto nível sobre o tem desde a COP28, em Dubai, em dezembro de 2023.
O objetivo é discutir as NDCs, financiamento climático, adaptação, perdas e danos e mitigação da mudança do clima – algumas das principais agendas da COP29, que será realizada em novembro, na capital azeri Baku.
Em comunicado divulgado nesta quinta, o presidente da COP28, Sultan Al Jaber, que também é CEO da petroleira estatal do Emirados Árabes, Adnoc, disse que a próxima rodada de NDCs, que deverão ser atualizadas até a COP30, no Brasil, representa “uma ferramenta crítica para corrigir o rumo” na ação climática.
“As Partes devem fazer o trabalho agora para garantir que suas NDCs atendam à urgência do momento – e sejam enviadas pelo menos nove meses antes da COP30”, disse Al Jaber.
De acordo com o CEO, as NDCs devem abranger toda a economia, cobrir todos os gases de efeito estufa – incluindo o metano – e incluir políticas que proporcionem reduções de emissões de 60% em comparação com os níveis de 2019, antes de 2035.
A troika também enviou uma carta ao secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, para “garantir que haja um quadro de apoio técnico unificado, coerente e eficaz para os Estados membros, especialmente os países em desenvolvimento, para preparar e implementar a próxima geração de suas NDCs.”
Os três países têm defendido que é preciso destravar o financiamento climático para países emergentes e vulneráveis, para que a transição alcance também o Sul Global.
“A COP28 avançou na conversa sobre uma reformulação abrangente do sistema financeiro internacional para alinhar os fluxos financeiros com os objetivos climáticos,” disse Al Jaber.
“Agora precisamos passar da conversa para a implementação. O financiamento climático deve ser mais disponível, acessível e acessível em todos os níveis.”