LYON (FR) — A transição energética industrial deve respeitar as circunstâncias regionais, indica a quarta carta (.pdf) da presidência brasileira da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), publicada nesta sexta (20/6).
“A natureza multifacetada do desafio climático exige que soluções inovadoras sejam adaptadas de acordo com as circunstâncias regionais, nacionais e locais, de forma a beneficiar mais comunidades e países”, afirma o documento.
Na primeira carta, a presidência propôs um “mutirão” global contra a mudança do clima, ao mesmo tempo em que reforçou a visão brasileira sobre transição justa. Enquanto na segunda, defendeu um novo modelo de governança a partir de “círculos de liderança”.
Em maio, a terceira carta trouxe a primeira menção explícita de uma agenda para a transição dos combustíveis fósseis.
Agora, o novo documento lista agenda de ações prioritárias da conferência, conforme antecipado pela agência eixos. E defende que a implementação das iniciativas deve ter flexibilidade para diferentes contextos geográficos, econômicos e sociais.
A mensagem é focada na implementação do Balanço Global do Acordo de Paris (GST, do inglês, Global Stocktake), um processo que avalia a resposta do mundo à crise climática a cada cinco anos. O primeiro foi realizado há dois anos, durante a COP28, em Dubai.
Entre as conclusões do GST está que as metas atuais não são suficientes para limitar o aquecimento global a 1,5° C, mesmo com a melhora na previsão de aumento das temperaturas globais para entre 2,4°C e 2,6°C até o final do século, em comparação com 3,7°C e 4,8°C em 2010.
A agenda da COP30 estabelece seis eixos temáticos para apoiar a implementação do GST:
- Transição nos setores de energia, indústria e transporte;
- Gestão sustentável de florestas, oceanos e biodiversidade;
- Transformação da agricultura e sistemas alimentares;
- Construção de resiliência em cidades, infraestrutura e água;
- Promoção do desenvolvimento humano e social;
- Catalisadores e aceleradores, incluindo financiamento, tecnologia e capacitação (eixo transversal).
Objetivos da COP30 para o setor de energia
Dentre os trinta objetivos-chave identificados para os seis eixos, quatro dizem respeito aos setores de energia, indústria e transporte:
- Triplicar renováveis e duplicar eficiência energética;
- Aceleração de tecnologias de zero e baixas emissões em setores de difícil descarbonização;
- Assegurar o acesso universal a energia;
- Transição para o afastamento dos combustíveis fósseis, de forma justa, ordenada e equitativa.