Pré-COP30

Sul global deve direcionar prioridades climáticas do planeta, diz diretor do Ipam

Organização destaca ausência da Europa enquanto países do Sul global apresentam demandas e compromissos para transição

Conteúdo Especial

André Guimarães, diretor executivo do Ipam (Foto Lucas Guaraldo/Ipam)
André Guimarães, diretor executivo do Ipam (Foto Lucas Guaraldo/Ipam)

BRASÍLIA — Diante da demora da União Europeia de apresentar suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC, em inglês) ao Acordo de Paris e da saída dos Estados Unidos do tratado, o Sul global deve assumir o protagonismo da agenda climática, avalia André Guimarães, diretor executivo do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia).

Começou em Brasília, nesta segunda (13/10), a reunião preparatória para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que ocorrerá em novembro, em Belém (PA).

Na sessão de abertura, mais de 60 países com delegações presentes falaram sobre suas demandas e compromissos para transição energética e redução de emissões.

Segundo Guimarães, enquanto China, Índia, Paquistão, África do Sul e pequenos países insulares se manifestaram sobre a necessidade de recursos para transformar os compromissos em ação, uma das grandes ausências foi a Europa.

“A grande ausência foi a Europa, até agora eu não vi manifestação da Europa. Todos os países [que se manifestaram até agora] estão confirmando que é preciso aumentar a ambição e precisamos de recursos para implementar NDCs ambiciosas”, disse o diretor do Ipam a jornalistas.

Na visão de Guimarães, esse é o momento de o Sul global apontar a direção que o mundo deve seguir para frear as mudanças climáticas.

“Estamos diante de um momento do Sul global. O Sul global tem que direcionar o planeta, definir as prioridades. A Europa se absteve de participar até agora. Nós estamos aqui a menos de 30 dias da COP30, a Europa não se manifestou, não apresentou NDC. Os Estados Unidos, outra economia do Norte global importante, já saiu do Acordo de Paris”, criticou.

Mais de uma centena de países usaram a Cúpula do Clima do Secretário-Geral da ONU em Nova York, no final de setembro, para apresentar planos e metas de descarbonização no horizonte até 2035, antecipando as discussões marcadas para a COP30 em Belém. 
 
China, Mongólia, Vanuatu, Micronésia, Paquistão, Libéria, Austrália, Nigéria e Jamaica são alguns deles.

Mas a União Europeia ainda não fechou a sua ambição até 2035. O bloco precisa construir consenso entre seus 27 Estados-membros, em meio a guerra, tarifaço e disputas internas.

Exemplos do Sul

Transição para longe dos combustíveis fósseis e adaptação às mudanças climáticas são algumas das agendas que Guimarães acredita que países emergentes e em desenvolvimento podem liderar e indicar os caminhos para o restante do mundo.

Ele cita como exemplo a China, maior emissora de CO2 do mundo, que tem alcançado suas metas de energia renovável e redução de emissões antes dos prazos.

“China conseguiu atingir metas, inclusive, antes do prazo. De redução de emissões de combustíveis fósseis etc. Eu acho que a China está mostrando coerência e o Norte global está mostrando incoerência”, completou.

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