BRASÍLIA – O vice-presidente da República e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin (PSB), disse nesta terça (12/11) que a meta climática que o Brasil detalhará nos próximos dias é “ambiciosa, mas também factível”.
A declaração ocorreu durante o discurso o Segmento de Alto Nível da 29ª Conferência sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas (COP29).
“Terei a honra de apresentar, nesta COP29, a NDC do Brasil. Nossa meta reflete nossa mais alta ambição, a redução de emissões de até 67% até 2035, comparada ao ano de 2005. Ambiciosa certamente, mas também factível”.
Na sexta à noite, às vésperas de embarcar para Baku, capital do Azerbaijão, que sedia a COP29, o governo brasileiro informou que a atualização de sua Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC, em inglês) ao Acordo de Paris buscará uma redução de emissões entre 850 milhões e 1,05 bilhão de toneladas de gás carbônico equivalente em 2035.
Os detalhes da NDC, no entanto, ainda não foram divulgados. A expectativa é que isso ocorra amanhã (13/11), durante a cúpula climática. Por enquanto, os números estão sendo criticados por ambientalistas, que avaliam os limites como insuficientes para cumprir a ambição de limitar o aquecimento do planeta a 1,5ºC até 2100.
Ao discursar nesta terça, Alckmin disse que para a implementar a ambição brasileira será preciso assegurar as condições adequadas, como financiamento internacional e mercados de carbono – as duas principais pautas desta COP.
“Nossa NDC é muito mais do que simplesmente uma meta de redução de emissões para 2035. Ela reflete a visão de um país que se volta para o futuro e que está determinado a ser protagonista da nova economia global, com energias renováveis, combate à desigualdade e comprometimento com o desenvolvimento sustentável”, completou.
Após o discurso, Alckmin indicou a jornalistas políticas de combate ao desmatamento, a lei recém sancionada do Combustível do Futuro e a regulação mercado de carbono, prevista para votação no Senado hoje, como alguns caminhos para cumprir a ambição.
Metas para todos os setores
“Diferentemente de outros países, o Brasil tem metas para todos os setores da economia. O detalhamento substancial será dado amanhã, quando apresentarmos a nossa NDC. Nosso compromisso é com desmatamento zero, porque queremos aumentar a produção por ganho de produtividade”, disse a jornalistas a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva (Rede), nesta terça (12).
Segundo Marina, o objetivo principal é chegar a 67% de redução de emissões em 2035 e a metodologia atinge todos os gases de efeito estufa (GEE), indo além do CO2.
“É uma metodologia que se estende a todos os setores, como transporte, indústria, agricultura e também desmatamento”.
Efeito Trump
A eleição de Donald Trump para assumir a presidência dos Estados Unidos preocupa observadores internacionais sobre a capacidade de avançar com negociações e compromissos capazes de responder à crise climática.
Para a ministra brasileira, o esforço que foi feito até o momento não deve retroceder.
“O esforço climático que já vem andando desde 1992 não será diminuído em função de determinadas sazonalidades políticas. Os Estados Unidos são um país importante, o segundo maior emissor do mundo. E a realidade dos EUA, que tem estados independentes, as políticas não serão descontinuadas”.
Marina também disse que espera que a pressão da sociedade, em diferentes países, possa fazer com que governos e empresas aumentem seus esforços de mitigação e adaptação.