Agendas da COP

Incêndio interrompe negociações na COP30; não há feridos e fogo foi controlado

Fogo atingiu um estande da Blue Zone e levou à evacuação parcial das salas de negociação; causas ainda estão sob investigação

Conteúdo Especial

JUIZ DE FORA — Um estande da Blue Zone, área que abriga instalações oficiais da COP30 em Belém, no Pará, pegou fogo na tarde desta quinta (20/11), levando à evacuação imediata do setor. Às 14h37, a UNFCCC, organizadora do evento, confirmou que o incêndio ocorria na Zona B, e todas as salas de negociação foram esvaziadas, com delegações nacionais deixando o local.

“A organização da COP30 informa que o incêndio ocorrido na região de pavilhões da Blue Zone está controlado e não deixou feridos. As equipes de bombeiros e segurança atuaram prontamente e seguem monitorando o local.”

Ainda segundo a UNFCCC, “treze indivíduos foram atendidos no local por inalação de fumaça. Seus estados de saúde seguem sendo monitorados e o suporte médico apropriado foi fornecido”.

A Zona Verde (não afetada pelo incidente) segue aberta, com atividades mantidas conforme o programado.

Segundo informações oficiais do Corpo de Bombeiros do Pará, o incêndio teve início às 14h03 e foi controlado seis minutos depois, às 14h09. A resposta mobilizou bombeiros civis e militares e o uso de 244 extintores e mangueiras para conter as chamas rapidamente.

No momento do incidente, 56 bombeiros militares já estavam dentro da Blue Zone, enquanto caminhões posicionados do lado de fora permitiram o acionamento imediato das mangueiras.

Às 15h, o Corpo de Bombeiros assumiu o controle da área para iniciar a avaliação dos danos, e às 15h26, as equipes ainda realizavam os trabalhos de rescaldo.

Segundo a organização oficial, “o chefe do Corpo de Bombeiros do país anfitrião ordenou a evacuação de todas as instalações. O serviço de bombeiros realizará verificações completas de segurança e deve fornecer uma atualização às 16h. Observe que as instalações estão agora sob a autoridade do país anfitrião e não são mais consideradas uma Blue Zone”.

De acordo com o ministro do Turismo, Celso Sabino, as razões ainda são desconhecidas e, após a avaliação completa de segurança, a organização vai anunciar quando será possível retomar os trabalhos.

A principal suspeita é de que o incêndio tenha começado por um curto em um cabo de alta tensão, possivelmente associado ao uso de um aparelho micro-ondas em um dos estandes, segundo o governo do Pará. O fornecimento de energia foi interrompido e as causas do incêndio ainda estão sendo apuradas.

Além dos danos diretos no estande atingido, partes da tenda da Blue Zone foram abertas em vários pontos para permitir a ventilação da fumaça. Segundo Celso Sabino, o uso de materiais antichama ajudou a conter o avanço do fogo.

O ministro, que é paraense, destacou que incidentes desse tipo podem ocorrer em qualquer grande evento, classificando como “preconceito com Belém” as críticas à organização.

Negociações interrompidas

Além dos estandes dos países, é na Blue Zone onde estão localizadas salas de negociação. Segundo apurou a agência eixos, todas as reuniões previstas para esta quinta (20/11) foram suspensas. A UNFCCC informou aos delegados que “o local não será reaberto antes das 20h”, o que na prática impede a retomada das negociações ainda hoje.

A paralisação adiciona pressão ao cronograma: ainda não há texto consolidado para a conferência, e o pacote de decisões inicialmente esperado para hoje (20) não foi apresentado, ampliando a incerteza sobre os próximos passos da COP de Belém, originalmente prevista para terminar amanhã (21).

A expectativa era que, nesta tarde, a ministra da Colômbia, Irene Vélez Torres, lançasse oficialmente a Declaração de Belém para a Transição Longe dos Combustíveis Fósseis, apresentada na COP30. O documento reafirma o compromisso de países com uma transição justa, equitativa e ordenada, alinhada à meta de 1,5°C.

O mapa do caminho para a transição dos fósseis, proposto pelo Brasil, é um dos principais pontos em disputa nas negociações. Até o momento, nenhum país do Brics manifestou apoio explícito à iniciativa. Nos bastidores, diplomatas relatam preocupação — e até resistência — de membros do grupo em relação a compromissos mais firmes para acelerar a saída dos fósseis.

China e Índia, que integram o bloco, são vistas como centrais nesse impasse. A China segue como maior consumidora de carvão do planeta, e a Índia ainda não apresentou sua nova NDC, o que aumenta a pressão sobre o grupo. As duas potências vêm sendo apontadas como os principais entraves ao avanço do roadmap.

Inscreva-se em nossas newsletters

Fique bem-informado sobre energia todos os dias