COP29

Guerras podem atrapalhar negociações na COP29, diz diretora do Itamaraty

Guerras podem atrapalhar negociações na COP29, diz diplomata brasileira (Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado)
Diretora do Departamento do Clima do Ministério das Relações Exteriores (MRE), embaixadora Liliam Beatris | Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

RIO — Em um cenário mundial marcado por tensões, com destaque para a guerra entre Rússia e Ucrânia e os conflitos de Israel com seus países vizinhos, as negociações climáticas na COP29, em novembro no Azerbaijão, podem enfrentar obstáculos. 

Segundo Liliam Beatris Chagas de Moura, diretora do Departamento do Clima do Ministério das Relações Exteriores, a instabilidade internacional impõe desafios adicionais para que os países avancem nas discussões sobre políticas climáticas. 

“Chegaremos à COP29 em um contexto internacional bastante desafiador. Existem conflitos, existem guerras no mundo e isso gera um estresse, uma tensão adicional sobre os países”, afirmou durante audiência no Senado, nesta terça (15/10). 

Ela explicou que, em meio a essas crises, as negociações na conferência das Nações Unidas que exigem decisões econômicas, energéticas, industriais e financeiras ficam mais complexas e delicadas.

A COP29 marca a revisão e formulação das novas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), que são os compromissos dos países para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e combater as mudanças climáticas. 

No entanto, de acordo com a representante do Itamaraty, o atual cenário de conflitos pode comprometer o andamento desses acordos.

 “Um cenário menos conflitivo seria muito mais positivo. Ele ajudaria que os governos, os países e mesmo o terceiro setor pudessem fazer essa transição mais rápida”.

Trégua climática

Uma novidade nas discussões da COP29 para facilitar as negociações é a proposta de uma “trégua climática”, apresentada pela presidência do Azerbaijão. 

Inspirada na ideia da trégua olímpica — em que os conflitos são suspensos durante o período dos Jogos Olímpicos —, essa iniciativa busca interromper temporariamente os conflitos armados durante a conferência para que as negociações possam ocorrer em um ambiente mais pacífico.

“Durante o período da COP, os conflitos seriam sustados para que as negociações se desenrolem num clima de paz”, explicou a diplomata.