Glasgow – “Ser bons defensores da natureza é sempre bom para os negócios e para a sociedade”. A frase de Cristina Gil, diretora executiva de Sustentabilidade da Suzano, resume o incentivo de boa parte das empresas privadas para atuarem nas chamadas soluções baseadas na natureza (NBS, na sigla em inglês).
Cristina participou de painel na COP26 para discutir a aplicação de soluções baseadas na natureza, que têm cada vez mais servido como alavanca para uma maior participação do setor privado no combate à crise climática.
“Dos 2,3 milhões de hectares de terra que a Suzano possui, quase 1 milhão estão em conservação. São habitats da Amazônia, do cerrado, da mata atlântica. Restauramos continuamente áreas degradadas. (…) Estamos protegendo habitats críticos. É realmente importante e, como negócio, nos torna mais resilientes,” acredita.
E os impactos se estendem também as comunidades locais, diz Cristina. “Se incentivarmos certas atividades que estão em harmonia com a natureza, as comunidades locais terão melhor qualidade de vida, vão poder sair da pobreza e proteger o meio ambiente”.
Para o agro, a aposta está em pesquisa e desenvolvimento de novas metodologias de cálculo de absorção de carbono especificamente para o solo brasileiro, conta Alessandra Fajardo, diretora Bayer.
Segundo a executiva, alguns métodos utilizados internacionalmente não se aplicam à realidade local.
A empresa tem parceria com a Embrapa e com universidades para desenvolver a metodologia que tem o potencial de impactar a quantidade de créditos de carbono a ser emitida uma vez que o mercado seja regulado.
Segundo Henrique Luz, coordenador do CEBDS, o Brasil tem um alto potencial em NBS. Apenas relacionado a carbono, ele estima um potencial de US$ 70 bilhões.
O CEBDS está participando de estudos para desenvolver protocolos de medição de emissão de gases de efeito estufa e seus impactos na biodiversidade. “Com mecanismos de medição e métricas comuns, permitimos que empresas atinjam suas metas usando soluções baseadas na natureza”, explica.