Energia na COP30

Elbia Gannoum será enviada especial para energia na COP30

Presidente de associação da indústria eólica deve atuar na articulação e entre setor público e privado na conferência do clima

Conteúdo Especial

Elbia Gannoum, presidente da Abeeólica, concede entrevista ao TotalEnergies Studio, produzido pela eixos na Brazil Offshore Wind Summit, no Rio, em 26 de março de 2024 (Foto Victor Curi/eixos)
Elbia Gannoum, presidente da Abeeólica, concede entrevista ao TotalEnergies Studio, produzido pela eixos na Brazil Offshore Wind Summit, no Rio (Foto Victor Curi/eixos)

A economista Elbia Gannoum, presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias (Abeeólica), será a enviada especial para energia na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que será realizada em Belém, no Pará, em novembro.

A informação foi confirmada pela própria executiva, nesta terça (6/5), durante evento promovido pelos Países Baixos e a Abeeólica no Rio de Janeiro. Procurada, a COP30 disse que as informações sobre os enviados especiais serão divulgadas nos próximos dias. 

“Fui convidada pela Presidência da República em nome do presidente da COP, o embaixador André Corrêa do Lago, para assumir a posição de enviada especial do governo na área de energia para COP30”, disse Gannoum, que também é vice-presidente do Conselho Global de Energia Eólica (GWEC). 

“Serei a pessoa responsável pela temática de energia, para fazer a relação do governo, do setor público com o setor privado, engajamento do setor privado, dos investidores para a temática de energia. É uma grande honra e também uma grande responsabilidade”, afirmou a executiva. 

Ela informou que irá se reunir com o embaixador nos próximos dias. 

“Tenho muito mais trabalho pela frente, mas aceito com muita alegria esse tipo de responsabilidade. Vamos ter, muito em breve, a primeira reunião com o embaixador para definir melhor como vai ser nosso trabalho. Vamos ter uma missão muito importante para levar o tema da energia na COP — e é claro que o tema da eólica offshore também”.

Segundo o jornal Estadão, além de Gannoum, o governo brasileiro já teria escolhido outros dois representantes para atuar como enviados especiais em áreas estratégicas da COP30. 

Para a Amazônia, o escolhido é Denis Minev, CEO do Grupo Bemol — que controla uma importante rede varejista com atuação na Região Norte. Já a representação do setor privado ficaria a cargo de Marina Grossi, presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), que defende que o Brasil aposte na energia limpa

Neoindustrialização, eólicas offshore e petróleo

A nomeação da presidente da Abeeólica é um indicativo de como o tema energético será abordado na pauta climática brasileira. 

Com doutorado em políticas públicas e longa trajetória no setor elétrico, Gannoum tem liderado discussões sobre transição energética, neoindustrialização verde e, mais recentemente, sobre o papel do Brasil no desenvolvimento do hidrogênio verde e da eólica offshore.

Além disso, a Abeeólica, sob a sua presidência, agregou como associados companhias do setor de óleo e gás, como Equinor, Shell, TotalEnergies e Eneva, e se aproximou do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), olhando para o desenvolvimento da indústria de eólica offshore.

Nesta COP30, um dos maiores desafios do Brasil será enfrentar o dilema entre exploração de petróleo e liderança climática.

Embora o Brasil seja referência em energias renováveis, seu interesse na exploração de novas fronteiras petrolíferas — como a Foz do Amazonas — levanta dúvidas entre organizações ambientais sobre como o país vai equilibrar suas credenciais climáticas para cobrar de países ricos recursos no financiamento da sua transição energética

Petróleo na COP30

O IBP vai defender a continuidade da exploração e produção de óleo no Brasil, baseado em um estudo feito em parceria com a consultoria Catavento e o Instituto Clima e Sociedade (iCS).

A análise propõe uma abordagem multicritério para avaliar a continuidade da exploração de petróleo e gás no cenário de transição energética e sugere que o abandono das atividades de extração não deve ser guiado apenas pela renda dos países, mas sim por fatores como competitividade de custo, pegada de carbono e segurança energética. 

A tese central é que o petróleo brasileiro, por ser de alta qualidade, com baixo teor de enxofre e baixas emissões de CO2, deve permanecer como uma opção viável, segura e estratégica na transição energética global. 

A defesa ocorre em meio às discussões sobre a necessidade de exploração de novas fronteiras petrolíferas pelo Brasil, embaladas pela Margem Equatorial, que inclui a Foz do Amazonas.

O IBP também reforça o interesse de suas associadas no desenvolvimento de energia eólica offshore. 

A expectativa da associação é que o primeiro leilão para cessão de áreas destinadas a esse tipo de energia ocorra ainda este ano.

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