RIO — A presidência da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), anunciou nesta quarta (14/5) os nomes dos 30 enviados especiais que atuarão como pontes de diálogo entre a organização do evento e setores-chave da sociedade e regiões do planeta.
A lista, que inclui líderes globais, ativistas, acadêmicos e representantes da sociedade civil, terá a missão de ampliar o engajamento e garantir a “multiplicidade de vozes” representadas na preparação da conferência, que ocorre de 10 a 21 de novembro em Belém, no Pará.
Entre os destaques do anúncio está a escolha da economista Elbia Gannoum para liderar a frente temática de energia, como antecipado pela agência eixos.
Presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias (Abeeólica), Gannoum será responsável por escutar atores do setor, mapear propostas e demandas e alimentar a construção coletiva da agenda energética da COP30.
A nomeação da presidente da Abeeólica é um indicativo de como o tema será abordado na pauta climática brasileira.
Com doutorado em políticas públicas e longa trajetória no setor elétrico, Gannoum tem liderado discussões sobre transição energética, neoindustrialização verde e, mais recentemente, sobre o papel do Brasil no desenvolvimento do hidrogênio verde e da eólica offshore.
“Os Enviados funcionarão como caixas de ressonância de setores e de geografias, verdadeiros canais e facilitadores do fluxo de informações e de percepções de suas respectivas áreas. Precisamos ouvir muito sobre as expectativas nas áreas em que contamos com enviados especiais”, disse o presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago.
Ao todo, foram nomeados 10 enviados regionais e 20 setoriais. Todos atuarão em caráter pessoal e voluntário.
Além de Gannoum, nomes como Jurema Werneck (igualdade racial), Ethel Maciel (saúde), Beto Veríssimo (florestas), Janja Lula da Silva (mulheres), Marcelo Behar (bioeconomia) e Maya Gabeira (esportes) integram o grupo dos enviados temáticos.
Na frente regional, destacam-se figuras como a ex-primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern (Oceania), o economista queniano Adnan Amin (Oriente Médio) — que presidiu a COP28 em Dubai —, e a diplomata mexicana Patricia Espinosa (América Latina), ex-secretária executiva da Convenção do Clima da ONU.
A escolha dos enviados também dialoga com a estratégia da presidência brasileira frente à COP30 de promoção do que vem sendo chamado de “Mutirão Global contra a Mudança do Clima”.
A ideia é mobilizar governos, setor privado, sociedade civil, ciência e finanças em torno de um novo impulso global à ação climática.
“A Presidência da COP30 está honrada em ter enviados deste calibre, que ajudarão a construir a conferência com diálogo e ação coletiva. Serão algumas de nossas vozes e ouvidos em setores e regiões estratégicas, parte de um esforço conjunto por uma COP30 forte e efetiva na implementação de soluções climáticas”, disse a diretora-executiva da COP30, Ana Toni.
Além do grupo de enviados, a presidência da COP30 já havia anunciado em abril a criação de quatro Círculos de Liderança: o Balanço Ético Global, o Círculo de Ministros de Finanças, o Círculo de Povos e o Círculo de Presidentes.
Diferente dos enviados, que funcionam como pontes de diálogo e escuta, os círculos atuarão com foco em entregas específicas, como propostas de financiamento climático, compromissos de justiça climática e pactos entre chefes de Estado.