BRASÍLIA – O Grupo Banco Interamericano de Desenvolvimento (Grupo BID) anunciou na quinta (30/11), primeiro dia da conferência climática COP28, que planeja triplicar o financiamento climático direto destinado à América Latina e Caribe para US$ 150 bilhões ao longo da próxima década.
A ideia é mobilizar apoio de seus países membros, incluindo a recapitalização antecipada do seu braço para o setor privado, o BID Invest.
Segundo o grupo, ao atingir esse objetivo, o BID se tornaria um dos primeiros bancos multilaterais de desenvolvimento a cumprir a recomendação do G20 de triplicar o financiamento climático. A instituição é a principal fonte de financiamento de longo prazo para o desenvolvimento da América Latina e do Caribe.
“Estamos posicionando a ação para o clima e a natureza no centro do Grupo do BID”, disse o presidente do BID, Ilan Goldfajn, durante evento na COP28, em Dubai.
“Isso significa aumentar o financiamento climático direto e mobilizado para a América Latina e o Caribe, expandir nosso trabalho com bens públicos globais, como a Amazônia, catalisar a participação do setor privado e desenvolver novos instrumentos financeiros para que possamos mobilizar mais capital para a ação climática”, detalhou.
Reforma do sistema financeiro
Em 2024, o BID assumirá a presidência dos Grupos de Chefes dos Bancos Multilaterais de Desenvolvimento (BMDs) e de Bancos de Desenvolvimento Regionais (BDRs).
Há uma pressão para que essas instituições reformem a arquitetura financeira global para considerar o risco climático na concessão de crédito e garantir acesso a recursos a países vulneráveis.
Países ricos podem tomar empréstimos a taxas de juros entre 1% e 4%, enquanto nos países mais pobres a taxa é de cerca de 14%, por exemplo.
De acordo com Goldfajn, o BID trabalhará em colaboração com a presidência do G20 pelo Brasil para fazer avançar a agenda de reformas.
“Nossas prioridades de reforma incluem um foco em fazer com que os BMDs funcionem melhor como sistema, por meio da harmonização dos nossos padrões e processos e da coordenação continuada em projetos climáticos e dedicados à natureza. Além disso, continuaremos a liderar o trabalho em inovações financeiras, bem como a engajar a participação do setor privado no financiamento climático e da natureza. O objetivo é ajudar os BMDs a alcançar a escala e o impacto necessários para enfrentar os desafios atuais”.
Coalizão verde quer mobilizar US$ 10 bi para Amazônia
Nesta sexta (1/12), os bancos públicos de desenvolvimento membros da Coalizão Verde disseram que pretendem mobilizar entre US$ 10 bilhões e US$ 20 bilhões em uma plataforma de desenvolvimento sustentável para a Amazônia. Esses recursos deverão ser desembolsados entre 2024-2030.
Em Dubai, a coalizão também lançou seu plano de ação para os próximos dois anos, cujos resultados serão apresentados na COP30 em Belém, no Brasil, cidade onde nasceu essa iniciativa.
O plano vai identificar novas oportunidades de financiamento de projetos de desenvolvimento sustentável; desenvolver estruturas comuns de investimento e financiamento adaptadas especificamente à conservação da biodiversidade da Amazônia e ao bem-estar das comunidades locais; estabelecer um laboratório de inovação; e mobilizar recursos concessionados para implementar as iniciativas.
Além da mobilização de recursos e assistência técnica, a Coalizão Verde buscará reduzir as barreiras de financiamento para a Amazônia.