RIO — A sociedade tem baixa participação nas discussões nas redes a respeito da transição energética. A conclusão é de uma pesquisa Llorente Y Cuenca (LLYC) que analisou 2,2 milhões de menções sobre transição energética no Twitter e LinkedIn nos últimos 35 meses.
As empresas do setor de energia estão construindo narrativas sobre a transformação da matriz, mas têm dificuldades de criar diálogos com o restante da sociedade sobre esse assunto, aponta o estudo. Além disso, no período analisado, o diálogo foi marcado por uma forte polarização, sobretudo política.
A pesquisa identificou ainda que há pouca informação nas redes sobre os desafios da transição.
“É preciso democratizar essa conversa”, defende Anatricia Borges, diretora de ESG da LLYC.
O foco das companhias está na descarbonização, tema considerado complexo. Durante o levantamento, o principal assunto abordado por empresas, influenciadores e ativistas foi o conceito de “emergência climática”, seguido por “fim dos combustíveis fósseis”.
“É um tema difícil e é aí que entra o papel da comunicação, é necessário fazer a tradução desse assunto, que tem muitas terminologias técnicas”, acrescenta Borges.
Outra descoberta da LLYC é que a mídia é o principal meio de informações para a população sobre a transição, seguido por personalidades famosas, incluindo influenciadores. Em terceiro lugar, estão os políticos.
Baixo engajamento
Entre as empresas, os grandes grupos do setor têm pautado as discussões sobre o tema nas redes sociais.
No entanto, eles se retroalimentam sobre os mesmos assuntos, gerando pouco diálogo com a sociedade nessas áreas, o que contribui para perpetuar o baixo engajamento do público.
A companhia mais mencionada nas redes no tema da transição foi a Petrobras, seguida da Natura, Shell, EDP e Neoenergia.
No caso da Natura, o estudo identificou nas menções analisadas uma forte associação entre a marca e o tema da sustentabilidade.
Já a comunicação da Petrobras sobre o assunto nos últimos meses teve foco principalmente na redução das emissões de carbono e nos projetos socioambientais apoiados pela empresa. As citações à Petrobras nas redes destacaram também a falta de prioridade e o atraso da companhia no tema da transição.