BRASÍLIA – A Eletra inaugurou, nesta sexta (2/6), uma nova fábrica para a produção de ônibus elétricos com tecnologia 100% brasileira, em São Bernardo do Campo (SP). A planta terá capacidade inicial para fabricar 150 ônibus elétricos por mês. O evento de lançamento da linha de produção contou com a presença do presidente Lula (PT) e ministros de Estado.
A expectativa é que as instalações possam produzir até 1.800 unidades eletrificadas por ano, com chassis das montadoras Mercedes-Benz e Scania. Os primeiros modelos já circulam nas capitais São Paulo, Salvador, Vitória e Curitiba.
O plano de investimentos para os modelos sustentáveis chega a R$ 150 milhões.
“A Eletra está se preparando para ser não apenas a maior e mais versátil montadora de ônibus da América Latina, mas líder global em transporte público sustentável. A Eletra é um dos símbolos da nova industrialização brasileira”, certificou a presidente da empresa, Milena Braga.
O lançamento acompanha o movimento de reindustrialização e a aposta em tecnologias inteiramente nacionais, a fim de livrar a dependência internacional.
Durante o evento, Lula afirmou que, ao apostar na eletrificação, o Brasil ganha competitividade frente às companhias estrangeiras.
“No início, o ônibus elétrico é mais caro do que o normal, mas no funcionamento dele, custará 73% a menos do que o ônibus a diesel”, argumentou. “Por isso que a gente tem que apostar na empresa brasileira”, acrescentou.
O presidente também cobrou a retomada do protagonismo da indústria brasileira e afirmou priorizar acordos que impulsionam o crescimento da economia do país.
“Eu adoro que o Brasil participe do comércio mundial e que mantenha uma relação com todos os países do mundo. Mas se tratando de negócios, eu prefiro fazer negócios com os brasileiros para fortalecer a indústria brasileira”, disse.
“Temos que valorizar o produto brasileiro que gera emprego e renda no Brasil, e que melhora a qualidade de vida das pessoas”.
O vice-presidente e ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, disse que a iniciativa faz parte do processo de “neoindustrialização” que o governo está implementando.
“Aqui está a neoindustrialização: inovação, pesquisa, desenvolvimento e engenharia nacional”, comentou, citando a tecnologia de eletrificação.
Acordo Mercosul-UE
Lula voltou a afirmar que não cederá compras governamentais em pacto comercial com a União Europeia e que o Brasil não assinará o acordo sem que haja ajuste.
“Eles querem que o governo brasileiro compre coisas estrangeiras, em vez das brasileiras e nós não vamos fazer isso. Se não aceitarem a condição do Brasil, não terá acordo”, ressaltou.
O acordo é negociado há duas décadas e chegou a um texto final em 2019, para zerar as tarifas, em um prazo máximo de 15 anos, de 91% do comércio entre Mercosul-UE.
Com a mudança de governo, as negociações voltaram à mesa, inclusive com um documento com compromissos adicionais na área ambiental por parte do Mercosul.
“Nós não podemos abdicar da oportunidade das médias e pequenas empresas sobreviverem nesse país”, defendeu o presidente.
Transição limpa nos transportes
Na visão de Renan Filho, ministro dos Transportes, o Brasil está mudando de rumo e indo em direção à sustentabilidade e economia de baixo carbono.
O segmento de transportes é o que mais contribui para as emissões globais de dióxido de carbono (CO2).
“Em um passado muito recente desse país, não se discutia sustentabilidade e descarbonização da economia porque o caminho era exatamente o inverso disso”, lembrou. “Estávamos na contramão da agenda internacional”.
Alckmin reforçou o compromisso do Brasil em ser protagonista no combate às mudanças climáticas, mencionando as medidas do governo para fomentar o uso de biocombustíveis, como o etanol.
“O presidente Lula salvou o etanol porque estabeleceu um diferencial com a gasolina e está estudando aumentar o etanol na gasolina, de 27% para 30%”.
A proposta de elevar a mistura do anidro na gasolina está no radar do Ministério de Minas e Energia, que discutirá a questão em um grupo de trabalho no Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).