Política energética

Com presença de Lula, Eletra inaugura fábrica de ônibus elétricos em SP

Inaugurada nesta sexta (2/6), a planta tem capacidade inicial para fabricar 150 ônibus elétricos por mês com tecnologia 100% brasileira

Com a presença de Lula, Eletra inaugura fábrica de de ônibus elétricos em SP
Durante o evento, Lula afirmou que, ao apostar na eletrificação, o Brasil ganha competitividade (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

BRASÍLIA – A Eletra inaugurou, nesta sexta (2/6), uma nova fábrica para a produção de ônibus elétricos com tecnologia 100% brasileira, em São Bernardo do Campo (SP). A planta terá capacidade inicial para fabricar 150 ônibus elétricos por mês. O evento de lançamento da linha de produção contou com a presença do presidente Lula (PT) e ministros de Estado. 

A expectativa é que as instalações possam produzir até 1.800 unidades eletrificadas por ano, com chassis das montadoras Mercedes-Benz e Scania. Os primeiros modelos já circulam nas capitais São Paulo, Salvador, Vitória e Curitiba.

O plano de investimentos para os modelos sustentáveis chega a R$ 150 milhões.

“A Eletra está se preparando para ser não apenas a maior e mais versátil montadora de ônibus da América Latina, mas líder global em transporte público sustentável. A Eletra é um dos símbolos da nova industrialização brasileira”, certificou a presidente da empresa, Milena Braga.

O lançamento acompanha o movimento de reindustrialização e a aposta em tecnologias inteiramente nacionais, a fim de livrar a dependência internacional.

Durante o evento, Lula afirmou que, ao apostar na eletrificação, o Brasil ganha competitividade frente às companhias estrangeiras. 

“No início, o ônibus elétrico é mais caro do que o normal, mas no funcionamento dele, custará 73% a menos do que o ônibus a diesel”, argumentou. “Por isso que a gente tem que apostar na empresa brasileira”, acrescentou. 

O presidente também cobrou a retomada do protagonismo da indústria brasileira e afirmou priorizar acordos que impulsionam o crescimento da economia do país.

“Eu adoro que o Brasil participe do comércio mundial e que mantenha uma relação com todos os países do mundo. Mas se tratando de negócios, eu prefiro fazer negócios com os brasileiros para fortalecer a indústria brasileira”, disse. 

“Temos que valorizar o produto brasileiro que gera emprego e renda no Brasil, e que melhora a qualidade de vida das pessoas”. 

O vice-presidente e ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, disse que a iniciativa faz parte do processo de “neoindustrialização” que o governo está implementando. 

“Aqui está a neoindustrialização: inovação, pesquisa, desenvolvimento e engenharia nacional”, comentou, citando a tecnologia de eletrificação.

Acordo Mercosul-UE

Lula voltou a afirmar que não cederá compras governamentais em pacto comercial com a União Europeia e que o Brasil não assinará o acordo sem que haja ajuste. 

“Eles querem que o governo brasileiro compre coisas estrangeiras, em vez das brasileiras e nós não vamos fazer isso. Se não aceitarem a condição do Brasil, não terá acordo”, ressaltou.

O acordo é negociado há duas décadas e chegou a um texto final em 2019, para zerar as tarifas, em um prazo máximo de 15 anos, de 91% do comércio entre Mercosul-UE.

Com a mudança de governo, as negociações voltaram à mesa, inclusive com um documento com compromissos adicionais na área ambiental por parte do Mercosul.

“Nós não podemos abdicar da oportunidade das médias e pequenas empresas sobreviverem nesse país”, defendeu o presidente. 

Transição limpa nos transportes

Na visão de Renan Filho, ministro dos Transportes, o Brasil está mudando de rumo e indo em direção à sustentabilidade e economia de baixo carbono. 

O segmento de transportes é o que mais contribui para as emissões globais de dióxido de carbono (CO2). 

“Em um passado muito recente desse país, não se discutia sustentabilidade e descarbonização da economia porque o caminho era exatamente o inverso disso”, lembrou. “Estávamos na contramão da agenda internacional”.

Alckmin reforçou o compromisso do Brasil em ser protagonista no combate às mudanças climáticas, mencionando as medidas do governo para fomentar o uso de biocombustíveis, como o etanol. 

“O presidente Lula salvou o etanol porque estabeleceu um diferencial com a gasolina e está estudando aumentar o etanol na gasolina, de 27% para 30%”.

A proposta de elevar a mistura do anidro na gasolina está no radar do Ministério de Minas e Energia, que discutirá a questão em um grupo de trabalho no Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).