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Diálogos da Transição
Editada por Nayara Machado
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Relatório de Riscos Globais do Fórum Econômico Mundial de 2023 aponta que os principais riscos atuais do mundo são energia, alimentos, inflação e a crise geral do custo de vida. Nos próximos dois anos, a crise do custo de vida continua sendo a ameaça número um, seguida por desastres naturais e guerras comerciais e tecnológicas.
Nos próximos 10 anos, no entanto, a falta de mitigação e adaptação climática lideram, com a perda de biodiversidade e o colapso do ecossistema vistos como um dos riscos globais de deterioração mais rápida na próxima década.
Essas crises serviram para tirar os esforços de transição energética da caixinha de combate à mudança climática e colocar sob o holofote da segurança energética e soberania, defendeu Fatih Birol, diretor executivo da Agência Internacional de Energia (IEA, em inglês).
“O crescimento que temos observado em energia limpa é muito forte. No ano passado, as renováveis tiveram um crescimento de 25% em relação a 2021 – nunca tínhamos visto isso”.
Durante painel do fórum em Davos nesta terça (17/1), ele disse que hoje os projetos para energia de baixo carbono estão sendo impulsionados pela necessidade de segurança no fornecimento.
“Em adição às respostas a essa crise energética [consequência da invasão da Rússia à Ucrânia], há também respostas estruturais vinda dos governos, como a Lei de Redução da Inflação dos EUA”.
Na visão de Birol, o pacote verde bilionário de Joe Biden é a ação climática mais importante do Acordo de Paris.
Ele citou ainda outros exemplos, como o 55 fit for EU, o Japan Green Transformation, os incentivos para fabricação de baterias na Índia e os subsídios da China.
Cobrimos por aqui:
- Economia começou a favorecer hidrogênio verde em 2022
- Geração de energia está menos suja desde início da guerra, diz S&P Global
- Eficiência melhora em 2022, em meio a crise energética
Novo roteiro para o Brasil
Hoje também foi dia de apresentar o que o novo governo Lula planeja para a economia nos próximos anos.
Em painel exclusivo sobre o Brasil, Fernando Haddad (Fazenda) e Marina Silva (Meio Ambiente e Clima) falaram em sinergia entre desenvolvimento e transição ecológica — discurso recorrente desde a campanha.
“O governo vai trabalhar muito fortemente para estabilizar a democracia, enfrentar o problema das desigualdades sociais, e criar um novo ciclo de prosperidade, com infraestrutura sustentável”, disse Marina.
A ministra destacou o potencial energético brasileiro para produção de hidrogênio verde, “fundamental para as economias e países que vivem o problema da insegurança energética, principalmente no contexto da guerra russa”.
Mais:
- A energia limpa na agenda de Fernando Haddad em Davos
- Belém será candidata a sede da COP30, anuncia Lula
Lei para indústria net zero
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse nesta terça (17/1) que o bloco irá apresentar uma Lei da Indústria Net Zero para financiar o desenvolvimento de tecnologias limpas até 2030.
O pacote é uma resposta aos subsídios dos Estados Unidos e China para alavancar a indústria que vai fornecer suprimentos para a transição energética, como tecnologias para eólicas, solar, baterias e hidrogênio.
Segundo von der Leyen, a Comissão Europeia irá analisar especialmente como simplificar e acelerar o licenciamento de novos locais de produção de tecnologia limpa.
“Não é segredo que certos elementos do projeto da Lei de Redução da Inflação levantaram uma série de preocupações em termos de alguns dos incentivos direcionados para as empresas”, disse em Davos.
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Estratégia para o frete marítimo
A Agência Internacional de Energia Renovável (Irena, na sigla em inglês) calcula que, até meados do século, a descarbonização do transporte marítimo demandará 50 milhões de toneladas de hidrogênio verde por ano para o fornecimento de amônia e metanol como combustível.
O que vai exigir ações urgentes, coordenadas e globais, envolvendo indústria, governos e órgãos internacionais, observa o diretor-geral da Irena, Francesco La Camera.
No último sábado (14/1), a Irena reuniu chefes de Estado, ministros e atores privados em Abu Dhabi para a discussão de estratégias prioritárias de redução de emissões de CO2 no setor, como a garantia do fornecimento de combustíveis marítimos renováveis.
BP Bunge certifica etanol para exportação
As usinas de Moema (SP), Ouroeste (SP), Santa Juliana (MG) e Tropical (GO) receberam selo da California Air Resources Board (CARB), exigido para a exportação aos Estados Unidos. Presente em cinco estados brasileiros — Goiás, São Paulo, Minas Gerais, Tocantins e Mato Grosso do Sul –, a companhia tem 11 unidades certificadas.
Corte de metano
A transportadora de gás natural NTS anunciou nesta terça (17/1) que fará parte do Oil & Gas Methane Partnership (OGMP), iniciativa global coordenada pela ONU para quantificar e reduzir emissões.
É a primeira empresa brasileira a aderir ao pacto. “É um marco importante para nossa empresa e para todo o setor de óleo e gás do Brasil. Demonstra a busca contínua pelo alinhamento entre necessidade energética e compromisso com mitigação das mudanças climáticas”, comenta Erick Portela Pettendorfer, CEO da NTS.